São Paulo, terça-feira, 08 de março de 2011

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"A internet é meu salva-vidas", diz Ebert

Consagrado crítico de cinema que perdeu a voz em 2006 enaltece nova chance de se comunicar no mundo virtual

Empresa escocesa está desenvolvendo voz virtual baseada em gravações do americano na televisão e em DVDs

FERNANDA EZABELLA
ENVIADA ESPECIAL A LONG BEACH

Roger Ebert, 68, o crítico de cinema mais popular dos EUA, perdeu a voz há cinco anos, mas a reencontrou através do mundo virtual, no qual foi obrigado a ingressar.
"A internet era uma ferramenta muito útil para mim. Hoje é algo no qual eu confio toda a minha existência", escreveu numa carta lida por sua mulher, Chaz, num evento na semana passada. "A internet é meu salva-vidas."
Ebert participou do TED, uma série anual de palestras curtas em Long Beach, Califórnia, com especialistas de diversas áreas.
Apesar de não ter falado sobre cinema, ele começou sua apresentação de 18 minutos com um trecho do filme "2001: Uma Odisseia no Espaço" (1968), no qual o computador de bordo começa a ser desligado.
Depois mostrou sua voz computadorizada, chamada Alex, que vem instalada em computadores Macintosh. Sua mulher e dois amigos subiram ao palco para ler textos sobre as descobertas de sua nova vida sem voz.
Primeiro crítico de cinema a ganhar um Pulitzer, em 1975, Ebert tem suas resenhas publicadas em mais de 200 jornais e já escreveu 15 livros sobre cinema, incluindo suas coleções de críticas anuais.
Em 2002, ele foi diagnosticado com câncer de tireoide e, em 2006, ao fazer uma cirurgia para restaurar a mandíbula, perdeu a voz.
Seu blog (www.rogerebert.com) teve mais de 100 milhões de visitas em 2010 e sua página no Twitter tem mais de 370 mil seguidores.
Ebert contou ao público do TED que aguarda que uma empresa na Escócia desenvolva uma voz computadorizada baseada na sua própria, utilizando áudios de seus programas de televisão e comentários que fez sobre filmes para extras de DVD.
Ele mostrou trechos da voz: "As palavras que você está ouvindo foram faladas pela primeira vez quando eu comentava "Casablanca" e "Cidadão Kane'", disse a voz, um pouco fora de cadência.
"As pessoas falam alto e devagar comigo, às vezes assumem que sou surdo. Tem gente que não gosta de me olhar no olho", escreveu num trecho lido por Chaz, que teve de parar alguns momentos para não chorar.
"É da natureza humana desviar o olhar da doença. Não gostamos de lembrar da nossa própria fragilidade", continuou. "Nem todo mundo tem a paciência da minha mulher. Mas, on-line, todos falam na mesma velocidade", arrematou.
Ebert também ficou famoso pelos programas de TV de crítica de cinema, no qual cunhou as expressões "thumbs up/thumbs down" (polegares para cima ou para baixo).


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