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Documentário traz confissões
de atrizes de Ingmar Bergman
CECÍLIA SAYAD
da Coordenação de Artigos e Eventos
À primeira vista, um encontro
entre as atrizes Gunnel Lindblom,
Harriet e Bibi Andersson sugere
que o assunto será Ingmar Bergman, visto que todas atuaram em
diversos filmes do diretor sueco.
Porém a razão da reunião documentada no filme "Falas do Coração" (15h, Cinesesc) é outra.
Nos anos 60, as atrizes estrelaram o filme "The Girls", dirigido
pela sueca Mai Zetterling.
Em 1988, Zetterling decidiu reuni-las em sua casa no sul da França
para documentar uma conversa
descontraída entre as atrizes, que
desempenhariam um papel delicado: o delas mesmas.
Para auxiliá-la na concepção do
filme, Zetterling convidou a diretora Christina Olofson.
A idealizadora do projeto morreu antes de poder realizá-lo. Mas,
em 1996, Christina Olofson decidiu retomar a idéia, procurando
ser o mais fiel possível à colega: o
filme foi rodado na casa em que
Mai Zetterling viveu.
Assim, o que vemos é uma reunião em que Bibi Andersson, Gunnel Lindblom (ambas de "Morangos Silvestres") e Harriet Andersson ("Gritos e Sussurros") refletem sobre suas vidas e carreiras.
Para os fãs das atrizes, é um prato
cheio. Para quem não as conhece,
vale por algumas curiosidades do
mundo do cinema e até pelo interesse de algumas de suas reflexões.
O filme alterna momentos de humor e melancolia. As atrizes se divertem ironizando a excessiva importância dada à beleza no cinema
e lembrando-se do tempo em que
estudavam teatro.
A melancolia fica por conta dos
sacrifícios que tiveram que fazer
em nome de suas carreiras. Bibi
Andersson, por exemplo, lamenta
não ter tido filhos.
Uma problemática essencialmente feminina, como não poderia deixar de ser. A feminilidade,
aliás, está presente em cada tomada, não como um objetivo, mas
como consequência inevitável.
O mérito da diretora está justamente em atingir a espontaneidade desejada nesse tipo de registro.
O que deixa a sensação de uma
naturalidade que, se não foi real,
foi extremamente bem encenada.
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