Evelson de Freitas/Folha Imagem

Hosmany Ramos na sala do diretor da Casa de Custódia de Taubaté

CASSIANO ELEK MACHADO
Editor-adjunto da Ilustrada

Um dos 402 detentos do Piranhão, como é conhecido o presídio de segurança máxima Casa de Custódia de Taubaté, no interior de São Paulo, está prestes a integrar um clube que tem como sócios autores do porte de André Gide, Jean-Paul Sartre e Albert Camus.
O nome dele é Hosmany Ramos, que, assim como essa trinca de escritores franceses, passa a integrar o catálogo da editora Gallimard, uma das mais prestigiosas do mundo. Sai na França este mês o livro "Marginália" (esgotado no Brasil), que o ex-cirurgião plástico mineiro escreveu na prisão, em 1988.
A história é digna da biografia montanha-russiana do ex-assistente do cirurgião Ivo Pitanguy. Ramos foi desde jornaleiro matutino em Governador Valadares (MG) até personagem noturno das colunas sociais recheadas de Pelés, Xuxas, Collors e Guinles.
Desceu mais rápido do que subiu. Em 1981 foi preso, acusado do roubo de um avião bimotor. Foi só a decolagem para que as pastas de Hosmany nas delegacias inflassem com rapidez. Foi condenado por homicídio, roubo de jóias e de carros, tráfico de drogas e contrabando, com pena de 21 anos, quatro meses e seis dias.
A saída da prisão já estaria muito próxima se Hosmany não tivesse resolvido sair antes por conta própria. Em 96, ganhou o direito de visitar a família no Dia das Mães. Não voltou para o presídio e acabou se envolvendo em um sequestro. Foi capturado. Depois disso, nem mesmo Hosmany estima quando poderá cruzar, sem perseguições, as 17 portas que separam sua cela da rua. Mas, mesmo assim, ele comemora. Este mês, histórias que colecionou em 19 anos de cadeia passam a circular à vontade, e em grande estilo, por todo o território francês.


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