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Para arquitetos, basílica é "interessante"
Especialistas defendem contraste entre escala grandiosa do templo e sua "rusticidade" no acabamento
DA REPORTAGEM LOCAL
A comparação que o artista
sacro Cláudio Pastro faz entre
as basílicas de São Pedro e de
Aparecida -a favor desta última- contraria de maneira quase escandalosa o senso comum
ilustrado que considera a igreja
localizada às margens da Via
Dutra, no mínimo, feia.
Arquitetos ouvidos pela Folha ficam a meio caminho entre o elogio aberto de Pastro e
as reservas comuns à basílica
brasileira.
Questionado sobre a beleza
de Aparecida, Luis Mauro Freire, do Projeto Paulista de Arquitetura, respondeu: "Eu diria
que é bonita".
"O que acho interessante na
basílica está, em primeiro lugar, na sua escala, que atende a
uma demanda necessária, a um
público que é muito grande,
que no entanto não cai no risco
de ostentação. Ao mesmo tempo, até para contrabalancear
essa escala monumental, há
uma rusticidade nos acabamentos, o que lhe confere uma
característica singela, e aproxima as pessoas da construção",
ele diz.
Seu colega Fabio Mariz Gonçalves -ambos participaram
do projeto da catedral do Campo Limpo, em São Paulo- afirma que pensar Aparecida "em
termos de feio e bonito é apequenar a discussão".
Gonçalves também elogia a
escala da construção e "rusticidade" do acabamento. Diz que a
basílica termina sendo "muito
bem-feita e adequada ao clima
brasileiro".
Já para Gilberto Belleza, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, a basílica, "do
ponto de vista arquitetônico,
não tem valor relevante".
"É uma edificação que remete a uma linguagem muito utilizada pela produção dos edifícios ligados à Igreja Católica,
que buscavam uma identidade
com uma imagem européia de
templo, que não tem nenhuma
ligação com nossa cultura, mas
sim com a imagem pretendida
imponente", afirma o presidente do IAB.
Ele elogia, de toda forma, "a
linguagem cerâmica utilizada
pelo uso dos tijolos e a grande
cúpula central, que representa
um belíssimo espaço, resultante de uma correta construção" e
diz que, para além disso, a basílica tem, "perante a sociedade
brasileira, um valor que supera
sua qualidade arquitetônica".
(RAFAEL CARIELLO)
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