São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2011 |
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OPINIÃO Show com estrutura gigantesca mantém sensação intimista
PAULO RICARDO ESPECIAL PARA A FOLHA "The eagle has landed!" (a águia pousou). Alguns diriam "the spider" (a aranha), mas eu ainda credito a autoria do conceito aracnídeo de palco a David Bowie e sua Glass Spider Tour. Bowie, aliás, tem sido fonte de inspiração para o "fab four" irlandês. Nesta turnê, eles costumam subir ao palco ao som de "Space Oddity"; pelo menos o fizeram no show que vi em Nova York em 23 de setembro de 2009. Nem poderia ser diferente. De certa forma, o Thin White Duke detém o "copyright" de tudo o que se relaciona a espaço no rock and roll -o homem que caiu na Terra. E espaço é a palavra-chave do conceito 360º. Não apenas o espaço sideral, mas o espaço dos estádios, entre banda e público, o espaço estratosférico onde vaga a nave U2, voando mais alto que, provavelmente, qualquer outro artista de seu tempo. Shows em estádios são uma forma de arte em si, operações de guerra monumentais. E o público, o grande público, é a alma que dará vida a esse Frankensinatrastein. Há décadas batendo recordes de bilheteria, os "businessmen" que habitam cada membro da banda chegaram à inevitável conclusão. Como ganhar mais dinheiro, vender mais lugares? Eureca! 360º! O resultado: a turnê mais lucrativa da história. Quando ninguém sabe o futuro do CD, a indústria da música sabe que hoje o foco (e o dinheiro) está nos shows, experiência interativa (ainda!) impossível de baixar. "No Line on the Horizon", sabe-se lá por quê, foi o álbum do U2 que menos vendeu. Bono, normalmente comedido, vem vociferando contra a pirataria. Mais um motivo para colocarem todas as fichas nos shows. A 360º tour é imperdível. Uma estrutura gigantesca, que ainda assim mantém a sensação intimista de uma banda num palquinho. A própria iluminação dos estádios é um show à parte. E a música. Ah, sim, claro. Bem, em minha humilde opinião, é a melhor seleção de qualquer show do U2 que vi. E olha que vi a turnê de "War"! Espero que incluam "The Unforgettable Fire", uma das minhas favoritas. Um amigo, fã de Iron Maiden, detesta o U2. Mas, se você gosta, vá conferir, negocie com o cambista, ou até com MacPhisto. Esta turnê vai entrar para a história. PAULO RICARDO é cantor, compositor e vocalista da banda RPM. Texto Anterior: Dúvidas que a 360° Tour deixa Próximo Texto: Crítica/Jazz: Keith Jarrett cria versões de si mesmo diante do Steinway Índice | Comunicar Erros |
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