|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TEATRO
Artistas do novo circo francês, que une acrobacia, interpretação e música, apresenta o espetáculo 'Bal' em SP
Trio francês joga poesia nos malabares
DANIELA ROCHA
da Reportagem Local
Malabaristas regidos por música,
acrobatas que interpretam uma
história e baquetas de um tambor
que viram malabares são alguns
dos elementos usados no espetáculo "Bal", do trio Maracassé,
que integra um movimento chamado novo circo francês.
"Bal" estréia hoje no Sesc Ipiranga, em São Paulo, e terá apenas
três apresentações antes de seguir
para São José dos Campos (12 e 13
de maio), Campinas (14) e Santos
(15), sempre no Sesc.
Formada por dois atores e um
músico, o trio francês mistura teatro, circo, música e poesia no espetáculo que trazem ao Brasil. Leia a
seguir entrevista por fax com um
dos integrantes do trio, Vincent Silliozat.
Folha - Como você define esse
novo circo francês?
Vincent Silliozat - O novo circo
francês tem por base a mistura.
Utilizando técnicas de circo, o artista se apóia em outras artes, como o teatro, a música e as artes
plásticas, além da poesia, para desenvolver sua própria técnica.
Os artistas do novo circo também se diferenciam do circo convencional porque têm auxílio de
um diretor de teatro. O circo que
fazem não é uma sucessão de números, mas são peças, expressões
coerentes, onde a técnica existe a
serviço do jogo.
Folha - O novo circo é voltado a
um público mais adulto?
Silliozat - Sim e não. Sim, porque ele trabalha com nível de proposta que inclui até abstrações estéticas e performance minimalista.
Mas um bom espetáculo novo ou
antigo tem que ser feito para todos, adultos ou crianças, de modo
universal e atemporal. "Bal", por
exemplo, é para todas as idades.
Folha - O espetáculo "Bal" mostra o encontro de dois artistas de
circo com um músico. Ele é baseado em experiências pessoais dos
integrantes do trio?
Silliozat - O espetáculo comporta sempre uma parte autobiográfica. Em "Bal", a nossa maneira de conceber o espetáculo teve
grande parte da criação feita pelos
integrantes.
Nós iniciamos com trabalho de
pesquisa a partir de idéias nossas,
sempre buscando associar música
a malabarismo. Esse trabalho nos
levou a um certo número de material que nosso diretor, Michel Boullerne, completou e organizou.
Folha - O novo circo inclui a acrobacia de risco?
Silliozat - Cada artista do novo
circo desenvolve a própria técnica
ao serviço de um jogo de ator no
qual a noção de risco pode ser presente, mas não forçosamente demonstrada ao público como uma
coisa perigosa.
Não vamos assistir a um espetáculo do novo circo para sentir arrepios. Em "Bal", o acróbata usa
a mobilidade do corpo como linguagem, um modo de se comunicar com o músico e a música. Nesse espetáculo a relação entre música e corpo é mais próxima da poesia que do risco.
Folha - Quem compôs a música
de "Bal"?
Silliozat - Foi Bertrand Boss, o
músico do espetáculo. Ele trabalhou como compositor para balé,
para teatro, espetáculo de rua e para diversas formações musicais.
Em "Bal", os artistas estão sempre pesquisando sistematicamente
para tentar render mais música a
cada expressão. "Bal" é música
em malabares, conceito da nossa
criação e pesquisa artística.
Folha - O que significa Maracassé
e quando o trio foi formado?
Silliozat - Maracassé vem de
Maracasse, uma bola com um cabo de madeira usado tanto para
malabarismo como para percussão. Os primeiros ensaios aconteceram em fevereiro de 1993, com
dois artistas de circo e um músico.
Cada um deixou a própria disciplina para pôr suas competências a
serviço da idéia que unira o grupo.
Jeanne é malabarista e contorcionista e eu sou malabarista. Nós
nos aventuramos no ambiente de
Bertrand, o músico. Ele integrou
malabarismo a sua maneira de interpretar a música.
Espetáculo: Bal
Com: trio Maracassé
Quando: de hoje a sábado, às 21h
Onde: Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822,
SP, tel. 011/273-1633)
Quanto: grátis (retirar convite antes)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|