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crítica
Filme supera estilização da HQ original
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Enquanto "Homem
de Ferro" optou
por solução mais
realista para adaptar HQ
em forma de aventura
contemporânea, "Speed
Racer" seguiu caminho
oposto: o desenho animado original é que talvez pareça mais realista diante
da superestilização buscada no filme pelos irmãos
Wachowsky.
Extensa paleta de cores
e movimentação intensa
contribuem para criar, em
cenários futuristas de ambientação retrô, um universo de ação quase alucinógeno, como se os personagens do desenho adquirissem vida não em coordenadas como as nossas,
mas em uma ambientação
de videogame.
Esse compromisso com
a procura de um código de
imagens e sons que seja
mais próximo do dialeto
de outra mídia entra na
conta da experimentação
de caráter industrial, como em "Dick Tracy"
(1990) e "Sin City" (2005),
e tende a agradar a parcela
do público jovem interessada em certa espécie de
familiaridade.
Bom filme baseado em
quadrinhos ou em animação seria, de acordo com
essa lógica, o que se "parece" com quadrinhos ou
animação. Em "Speed Racer", a tentativa de evocar
o espírito ingênuo do original o tornou mais infantil do que juvenil, na contramão, por exemplo, de
filmes como "Homem de
Ferro" e até mesmo de
"Homem-Aranha".
Há um toque sombrio
na trama, relacionado à
manipulação de resultados nas corridas e ao próprio desaparecimento
(morte?) de Rex Racer, o
irmão mais velho de Speed
(Emile Hirsch, de "Na Natureza Selvagem"). Os vilões responsáveis por isso,
no entanto, são interpretados de maneira caricatural pelos atores e, por tabela, soam infantilizados.
Família de cartum
Não é fácil a vida de atores em circunstâncias como essas, em que, além da
referência de fundo ao desenho animado, a inserção
de efeitos especiais na fase
de pós-produção determina o resultado. No fundo,
porém, talvez não seja tão
difícil assim: basta, como
na maior parte dos filmes,
emprestar seu tipo físico
aos personagens.
É o que fazem John
Goodman e Susan Sarandon, nos papéis de Pops e
Mom Racer, os pais de
Speed. Essa família de cartum representa a cultura
dos subúrbios da classe
média norte-americana
em uma espécie de mundo
paralelo, também voltado
para o consumo de televisão e comida, não necessariamente nessa ordem.
Mais do que disseminar
hábitos pelo mundo, a indústria de diversão dos
EUA formata todos os
mundos à sua imagem e
semelhança, até o superestilizado universo de
"Speed Racer".
SPEED RACER
Direção: Larry Wachowski e Andy Wachowski
Produção: EUA, 2008
Com: Emile Hirsch, Christina
Ricci e Matthew Fox
Quando: a partir de amanhã nos
cines Anália Franco, Eldorado e
circuito (censura livre)
Avaliação: regular
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