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Plácido Domingo muda e aposta como barítono
Aos 69 anos, tenor troca de registro vocal para interpretar bela obra de Verdi no retorno aos palcos após cirurgia
"Simon Boccanegra" vai
aos cinemas neste final de semana; estreia de nova temporada do Metropolitan será no segundo semestre
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Neste final de semana, os cinemas de 11 cidades brasileiras
mostram o tenor mais aclamado da atualidade atuando como
barítono. Último dos três tenores a fazer aparições operísticas
regulares nos principais palcos
do planeta, Plácido Domingo
canta o papel-título de "Simon
Boccanegra", de Verdi.
Essa montagem da temporada 2009/2010 do Metropolitan
de Nova York, é exibida em São
Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Campinas,
Santos, Juiz de Fora, Salvador,
Fortaleza, Maceió e Rio.
Era a cartada que faltava na
carreira de um dos mais incansáveis artistas líricos da atualidade, que, além de cantar, tem
atuado como regente e dirigido
duas casas de ópera (em Los
Angeles e em Washington).
Domingo interrompeu as atividades para uma cirurgia no
intestino, em março, mas voltou com tudo, ganhando ovações de um público famoso pela
vaia -o do Scala, de Milão- ao
cantar "Boccanegra", um título
verdiano menos célebre do que,
digamos, "Rigoletto" ou "Otello", mas não menos belo.
A suntuosa encenação que
está nos cinemas é igual à dirigida por Giancarlo del Monaco,
filmada em 1995 e lançada em
DVD. E, se então o madrilenho
havia encarnado Gabriele
Adorno, papel de tenor, desta
vez enfrentou a histórica empreitada de dar vida a uma das
mais exigentes partes de barítono do repertório verdiano.
Domingo já avisou que não
vai virar barítono de vez. De
qualquer forma, trocar de registro vocal, ainda que temporariamente, não é a operação
mais simples. Embora cante
em uma região obviamente
mais grave, ao interpretar Boccanegra ele segue com o timbre
tenoril bastante reconhecível.
Não se trata do mais ortodoxo dos barítonos, portanto.
Mas sua voz soou com um frescor invejável para qualquer idade -talvez ainda mais notável
para um homem de 69 anos.
Pelas qualidades vocais e cênicas e pela entrega ao papel,
ele acaba, assim, convencendo
plenamente em uma performance conduzida pela batuta
incandescente de James Levine e contando com colegas notáveis como a soprano Adrianne Pieczonka e o tenor Marcello Giordani. Como ponto negativo, fica apenas o Fiesco do
baixo James Morris, cujos graves pouco se faziam ouvir.
No segundo semestre, as
óperas da temporada 2010/
2011 do Metropolitan serão
transmitidas ao vivo em cinemas da rede Cinemark.
A estreia deve ocorrer em 9
de outubro com uma nova produção de "O Ouro do Reno", de
Wagner, dirigida pelo canadense Robert Lepage.
O novo formato foi testado
em sessão para convidados da
"Armida", de Rossini, em 1º de
maio, no Cinemark Eldorado,
em SP, e a transmissão teve pequenas falhas de som e imagem
que não prejudicaram a qualidade geral do espetáculo.
SIMON BOCCANEGRA
Quando: hoje e amanhã, às 11h
Onde: Cine Bombril (av. Paulista, 2.073,
tel. 0/xx/11/3285-3696), Espaço Unibanco Pompeia (r. Turiassu, 2.100, tel.
0/xx/11/3673-3949) e Unibanco Arteplex (r. Frei Caneca, 569, tel. 0/xx/11/
3472-2365)
Quanto: R$ 25
Classificação: não informada
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