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FILME
Em Tóquio, frequência é de jovens mulheres heterossexuais
Festival de cinema gay dribla acensura e atrai público jovem
ANDRÉ FISCHER
Enviado especial a Tóquio
A 7ª edição do Tokyo International Lesbian and Gay Film Festival,
que vai até o próximo dia 17, começa com a exibição dos longas
"Poussières d'Amour" e "O Outro Lado da Cidade Proibida".
O festival, que acontece em duas
salas no cinema Ayoma Spiral,
conta pela primeira vez com uma
expressiva participação brasileira.
Dentro do circuito de quase cem
festivais de cinema gay que se realizam em todo o mundo, o Festival
de Tóquio apresenta particularidades, a começar pelo público.
Assim como nos estádios de futebol japoneses, a frequência aos
filmes gays é formada em grande
parte por garotas heterossexuais
com menos de 25 anos.
No Japão, o público feminino jovem é grande consumidor da pornografia gay soft. "Apesar das palavras gay e lésbica grafadas com
letras maiúsculas no nome do festival, atraímos um público cada
vez mais misto", diz Sarah Teastey, co-diretora do festival.
O festival, que se apóia numa
vertente tecnológica e tem como
um dos patrocinadores a América
On Line, vem há anos driblando a
forte censura japonesa, que até
hoje proíbe a exibição de imagens
contendo genitálias desnudas.
Em muitos casos, o festival é
obrigado a comprar cópias de filmes que serão exibidos, já que deve imprimir tarjas pretas sobre órgãos genitais e editar cenas de sexo
explícito.
Apesar de os filmes serem exibidos com legendas em japonês, o
inglês continua sendo o segundo
idioma oficial do festival, cujo tema este ano será juventude.
Foram programados longas e
curtas "étnicos", que mostram
como vivem jovens das mais variadas orientações sexuais. Entre
os diretores convidados estão nomes como o espanhol Afonso Albacete e Micky Chen, de Taiwan.
Alguns destaques da programação são "Leather Jacket Love
Story" (exibido no Brasil em 97
como "Romance da Jaqueta de
Couro") e o documentário sobre
a vida íntima de Jodie Foster, da
anglo-indiana Pratiba Pramer.
A grande novidade é a seleção de
curtas brasileiros intitulada Brasil
Diversidade, organizada pelo Festival Mix Brasil.
A numerosa comunidade brasileira de Tóquio vem se preparando
há dois meses para o evento, com a
realização de festas e encontros
que concentraram sobretudo gays
e lésbicas nipo-brasileiros.
Serão exibidos curtas premiados, como o documentário sobre
o artista plástico Leonilson,
"Com o Oceano Inteiro Para Nadar".
A foto do performer Santiago
Nazarian, cujo trabalho é tema do
vídeo "Um Caso de Body Art",
foi utilizada como uma das imagens símbolo do festival.
A apresentação dos filmes brasileiros, no dia 16, dá continuidade
ao intercâmbio entre os dois festivais (de Tóquio e Mix Brasil), iniciada no ano passado.
Durante o 5º MIX Brasil, no
Centro Cultural São Paulo,o público paulistano assistiu a documentários, longas e curtas selecionados pelo festival japonês.
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