São Paulo, sexta, 8 de maio de 1998

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QUADRINHOS
Álbuns de luxo têm preços acessíveis

PEDRO CIRNE DE ALBUQUERQUE
free-lance para a Folha

Quem procura, acha quadrinhos na Bienal do Livro. E não são apenas as HQs que formam o tripé de estilos que sustenta essa indústria no Brasil: infantis, humorísticos e de super-heróis.
A Bienal traz lançamentos de bons representantes do estilo europeu, raro em prateleiras brasileiras, a preços acessíveis (em média, R$ 15).
Esse tipo de livro é conhecido no Brasil como "graphic novels" (álbuns de luxo), que trazem histórias longas, geralmente centradas em um personagem único, com desenhos de boa qualidade.
A editora portuguesa Meribérica traz diversos títulos importantes no gênero, que podem ser encontrados nos estandes de Portugal (1.511 e 1.509 - pavilhão azul).
Dois desses lançamentos são "Num Céu Longínquo" e "Corto Maltese - Fábula de Veneza (sirat al bunduqyyiah)". São álbuns do italiano Hugo Pratt, artista renomado por seus "romances em quadrinhos".
Pratt é conhecido principalmente pelo personagem Corto Maltese, um marinheiro -como o próprio autor fora na juventude.
Outros dois lançamentos trazem Miguelanxo Prado, artista homenageado em 97 no Festival Internacional da História em Quadrinhos de Angoulême, na França.
Prado é pouco publicado no país. O novo "Quotidiano Delirante - parte 2" segue o modelo de "Mundo Cão", já publicado no Brasil.
São histórias curtas, irônicas com o cotidiano e, especialmente, com a burocracia.
Suas páginas mostram grande desrespeito e ódio ao que ele considera os absurdos do dia-a-dia -como o consumismo desenfreado da população e os impostos cobrados pelo governo.
Ainda pela editora Meribérica, "Pedro e o Lobo", também de Prado, é uma exceção. Adaptação do conto de Sergei Prokofiev, é destinada para crianças, não mais para adultos.
Seu estilo se altera: os desenhos são maiores, feitos com aquarela, mais realistas. São desprovidos do sarcasmo habitual, mas ainda extremamente sombrios.
Pela Companhia das Letras, há ainda dois lançamentos de Will Eisner, o norte-americano criador de Spirit, considerado um dos maiores quadrinhistas vivos do mundo e criador do termo "graphic novel".
Como era difícil encontrar uma definição para as histórias que elaborava, Eisner certa vez inventou esse termo para convencer um editor a publicar um de seus livros.
Seu lançamento é uma exceção em sua carreira. O incansável Eisner batalhou durante toda sua vida contra o preconceito de que toda HQ era necessariamente infantil, o que ele comprovava ser uma inverdade a cada álbum lançado.
Agora, com "A Baleia Branca" e "A Princesa e o Sapo", ele muda de direção e público-alvo, fazendo uma revista totalmente voltada para crianças.



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