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QUADRINHOS
Álbuns de luxo têm
preços acessíveis
PEDRO CIRNE DE ALBUQUERQUE
free-lance para a Folha
Quem procura, acha quadrinhos
na Bienal do Livro. E não são apenas as HQs que formam o tripé de
estilos que sustenta essa indústria
no Brasil: infantis, humorísticos e
de super-heróis.
A Bienal traz lançamentos de
bons representantes do estilo europeu, raro em prateleiras brasileiras, a preços acessíveis (em média, R$ 15).
Esse tipo de livro é conhecido no
Brasil como "graphic novels" (álbuns de luxo), que trazem histórias longas, geralmente centradas
em um personagem único, com
desenhos de boa qualidade.
A editora portuguesa Meribérica
traz diversos títulos importantes
no gênero, que podem ser encontrados nos estandes de Portugal
(1.511 e 1.509 - pavilhão azul).
Dois desses lançamentos são
"Num Céu Longínquo" e "Corto
Maltese - Fábula de Veneza (sirat
al bunduqyyiah)". São álbuns do
italiano Hugo Pratt, artista renomado por seus "romances em
quadrinhos".
Pratt é conhecido principalmente pelo personagem Corto Maltese, um marinheiro -como o próprio autor fora na juventude.
Outros dois lançamentos trazem
Miguelanxo Prado, artista homenageado em 97 no Festival Internacional da História em Quadrinhos de Angoulême, na França.
Prado é pouco publicado no
país. O novo "Quotidiano Delirante - parte 2" segue o modelo de
"Mundo Cão", já publicado no
Brasil.
São histórias curtas, irônicas
com o cotidiano e, especialmente,
com a burocracia.
Suas páginas mostram grande
desrespeito e ódio ao que ele considera os absurdos do dia-a-dia
-como o consumismo desenfreado da população e os impostos
cobrados pelo governo.
Ainda pela editora Meribérica,
"Pedro e o Lobo", também de
Prado, é uma exceção. Adaptação
do conto de Sergei Prokofiev, é
destinada para crianças, não mais
para adultos.
Seu estilo se altera: os desenhos
são maiores, feitos com aquarela,
mais realistas. São desprovidos do
sarcasmo habitual, mas ainda extremamente sombrios.
Pela Companhia das Letras, há
ainda dois lançamentos de Will
Eisner, o norte-americano criador
de Spirit, considerado um dos
maiores quadrinhistas vivos do
mundo e criador do termo "graphic novel".
Como era difícil encontrar uma
definição para as histórias que elaborava, Eisner certa vez inventou
esse termo para convencer um
editor a publicar um de seus livros.
Seu lançamento é uma exceção
em sua carreira. O incansável Eisner batalhou durante toda sua vida contra o preconceito de que toda HQ era necessariamente infantil, o que ele comprovava ser uma
inverdade a cada álbum lançado.
Agora, com "A Baleia Branca"
e "A Princesa e o Sapo", ele muda
de direção e público-alvo, fazendo
uma revista totalmente voltada
para crianças.
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