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MÚSICA
Astro do rock alternativo americano diz que vem em janeiro mostrar o show de seu primeiro CD solo, recém-lançado
Ex-Pavement, Malkmus anuncia show no Brasil
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Pavement, uma das bandas
mais importantes do rock americano contemporâneo e espelho
para grande parte de grupos independentes brasileiros novos, atravessou toda a década passada sem
ligar suas guitarras por este lado
do hemisfério.
Agora é que não vem nunca
mais mesmo, porque desde o ano
passado a seminal banda californiana não existe mais.
Mas essa "injustiça" com os fãs
brasileiros do Pavement será parcialmente reparada com a presença por aqui de seu ex-líder, Stephen Malkmus, agora em frutífera carreira solo.
O anúncio de uma visita sonora
ao Brasil em janeiro/fevereiro do
ano que vem foi feito pelo próprio
Malkmus, em entrevista à Folha
por telefone, direto de Portland,
Oregon (EUA), anteontem.
"Já está planejado. No inverno
daqui, verão aí, tocaremos no
Brasil e na Argentina", afirmou o
genioso e genial vocalista/guitarrista, maior propagador do rock
"low-tech", simplório, cru, com
instrumentos e vocais em desarmonia, fora do tempo.
Se vier mesmo (já desmarcaram
dois shows do Pavement no Brasil
em cima da hora), Malkmus trará
a turnê de seu primeiro álbum solo, o ótimo "Stephen Malkmus",
recém-lançado no Brasil.
Leia a seguir a entrevista.
Folha - Você está feliz com seu
primeiro álbum solo, depois de uns
dez anos à frente do Pavement?
Stephen Malkmus - Muito. Foi
muito difícil gravá-lo. Não sabia
direito o que fazer, mas no final fiquei muito satisfeito com ele.
Chegou até a me surpreender.
Posso dizer até que estou orgulhoso do disco.
Folha - Como você compararia
"Stephen Malkmus" com os últimos discos do Pavement?
Malkmus - Bem, eu acho que
consegui colocar nele mais de
mim mesmo, em vez de ter de, como nos últimos discos do Pavement, dividir as idéias com engenheiros de gravação famosos como Nigel Godrich [produtor de
"Amnesiac", álbum do Radiohead". Eu quis que desta vez fosse
apenas eu e algum engenheiro
não tão famoso. Consegui ter
mais controle. Parece até um disco meu, agora. Há diferenças no
som, porque as bandas são diferentes. Meus amigos de Portland
não são os caras do Pavement.
Mas no final deu tudo certo.
Folha - O seu processo de criação,
de compor as canções, está diferente do de seu tempo de Pavement?
Malkmus - É o mesmo. Inclusive
boa parte dessas canções era para
entrar em um próximo disco do
Pavement, até eu decidir que estava de saco cheio da banda. Aí peguei esse meu estilo Pavement e
apliquei a um baterista diferente,
a um novo baixista.
Folha - Você se encheu do Pavement. Foi por isso então que a banda acabou?
Malkmus - Foi. O Pavement estava ficando repetitivo. As idéias já
não eram tão novas. E você precisa dar alguns passos diferentes
quando faz música, buscar novas
inspirações, motivações. Para isso, acabamos com o Pavement.
Folha - Você mantém contato
com seus ex-companheiros?
Malkmus - Somos amigos ainda.
Não vivemos na mesma cidade,
ficou difícil para nos vermos, conversarmos. Mantenho contato
com o Bob [ex-baterista do Pavement". É meu melhor amigo.
Folha - Desde que seu álbum foi
lançado nos EUA e na Inglaterra,
em fevereiro, você tem tocado o
novo material solo em shows. Está
satisfeito com o resultado ao vivo?
Malkmus - No começo estávamos tocando muito mal. Banda
nova e tal. Mas agora a coisa funciona bem melhor. Estava impressionado ao final do último
show da turnê. Começamos tocando 40 minutos apenas. Agora
somos uma banda capaz de tocar
uma hora sem irritar o público.
Folha - Você tocou músicas do Pavement nos shows?
Malkmus - Toquei uma vez só,
em um show do Japão. Foi "Shady
Lane". É difícil para a minha banda nova tocar Pavement. O baterista, John, só tem um disco do
Pavement e nem gosta muito.
Folha - E quais são os planos futuros de turnê?
Malkmus - Agora vamos apenas
participar de uns festivais de verão na Europa. E já estamos conversando sobre uma turnê por
Brasil e Argentina em janeiro ou
fevereiro. Inverno para nós e verão para vocês.
Folha - Esses shows aqui na América do Sul estão confirmados?
Malkmus - Bem, faltam seis, sete
meses para acontecer. Mas já estão planejados.
Folha - Cogitou-se uma vez que o
Pavement iria vir ao Brasil para tocar em um festival de jazz [no Free
Jazz". Tem verdade nisso?
Malkmus - Sim. Duas vezes. Uma
para um festival e outra não. Iríamos tocar no Brasil em 97/98,
com a turnê do álbum "Brighten
the Corners". Mas havíamos acabado de chegar de uma exaustiva
turnê por Europa e Japão. A idéia
era nos divertirmos no Brasil, mas
já não estávamos aguentando viajar e tocar as mesmas canções.
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