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ARTES PLÁSTICAS
Obras foram vendidas ou "reservadas"
Ernesto Neto e Vik Muniz causam boa impressão na Bienal de Veneza
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA
A mistura poderia causar estranheza, mas a reunião de obras de
Ernesto Neto e Vik Muniz, representantes do Brasil na 49ª Bienal
de Veneza, provocou uma forte
impressão. "Apesar de outros artistas de renome, o Brasil corre
por fora na premiação", avalia o
crítico Agnaldo Farias.
O pequeno pavilhão de 60 m2,
inaugurado ontem, é composto
de duas salas, razão pela qual em
geral são escolhidos dois artistas,
pois cada um é apresentado em
um ambiente. Germano Celant, o
curador para a representação brasileira apostou na contraposição
de estilos e, ao mesmo tempo, semelhanças que os artistas apresentaram e fez com que ambos estivessem presentes nas duas salas.
Vik Muniz apresentou seis imagens de "Pictures of Collors", que
homenageia, de forma calorosa,
os artistas van Gogh, Monet, Gerhard Richter, Mark Rothko, Yves
Klein e Chuck Close. De cada um,
Muniz selecionou uma obra e
com pequenos quadrados coloridos compõe de forma esquemática as mesmas obras.
"Só copio artistas que gostaria
de ter e não posso", diz Muniz,
que também faz outra dessas "homenagens" na mostra do Palazzo
Fortuny (leia texto ao lado).
Ao citar outros artistas, Muniz
deixa ainda transparente suas inspirações, e transparência é palavra-chave nas instalações de Neto.
Na entrada do pavilhão, Neto
fez "Cosmovos", uma instalação
com os sacos recheados de areia,
criando formas arredondas e sensuais. Uma obra simples que faz
um grande contraste com sua
obra na outra sala: "O Nascimento da Deusa - Do Cosmo ao Corpo". Influenciado pelas cores e
formas sensuais de Tintoretto, cujas obras viu recentemente na
Academia de Arte de Veneza, Neto cria um ambiente translúcido,
que conforme se adentra vai ficando vermelho.
Caso não sejam premiados, ao
menos comercialmente, ambos
tiveram sucesso. Das seis obras de
Muniz no pavilhão, cinco já foram vendidas a colecionadores
europeus e norte-americanos. Do
Fortuny, foram todas. Cada uma,
nos dois locais, custa US$ 20 mil.
Para Neto a brisa veneziana também soprou positivamente. Suas
instalações já foram reservadas, o
termo que museus usam para iniciar o processo de aquisição, uma
delas para o Museu de Arte Moderna de Nova York.
O jornalista Fabio Cypriano viajou a
convite da associação BrasilConnects
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