São Paulo, sexta-feira, 08 de junho de 2001

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ARTES PLÁSTICAS

Obras foram vendidas ou "reservadas"
Ernesto Neto e Vik Muniz causam boa impressão na Bienal de Veneza

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

A mistura poderia causar estranheza, mas a reunião de obras de Ernesto Neto e Vik Muniz, representantes do Brasil na 49ª Bienal de Veneza, provocou uma forte impressão. "Apesar de outros artistas de renome, o Brasil corre por fora na premiação", avalia o crítico Agnaldo Farias.
O pequeno pavilhão de 60 m2, inaugurado ontem, é composto de duas salas, razão pela qual em geral são escolhidos dois artistas, pois cada um é apresentado em um ambiente. Germano Celant, o curador para a representação brasileira apostou na contraposição de estilos e, ao mesmo tempo, semelhanças que os artistas apresentaram e fez com que ambos estivessem presentes nas duas salas.
Vik Muniz apresentou seis imagens de "Pictures of Collors", que homenageia, de forma calorosa, os artistas van Gogh, Monet, Gerhard Richter, Mark Rothko, Yves Klein e Chuck Close. De cada um, Muniz selecionou uma obra e com pequenos quadrados coloridos compõe de forma esquemática as mesmas obras.
"Só copio artistas que gostaria de ter e não posso", diz Muniz, que também faz outra dessas "homenagens" na mostra do Palazzo Fortuny (leia texto ao lado).
Ao citar outros artistas, Muniz deixa ainda transparente suas inspirações, e transparência é palavra-chave nas instalações de Neto.
Na entrada do pavilhão, Neto fez "Cosmovos", uma instalação com os sacos recheados de areia, criando formas arredondas e sensuais. Uma obra simples que faz um grande contraste com sua obra na outra sala: "O Nascimento da Deusa - Do Cosmo ao Corpo". Influenciado pelas cores e formas sensuais de Tintoretto, cujas obras viu recentemente na Academia de Arte de Veneza, Neto cria um ambiente translúcido, que conforme se adentra vai ficando vermelho.
Caso não sejam premiados, ao menos comercialmente, ambos tiveram sucesso. Das seis obras de Muniz no pavilhão, cinco já foram vendidas a colecionadores europeus e norte-americanos. Do Fortuny, foram todas. Cada uma, nos dois locais, custa US$ 20 mil. Para Neto a brisa veneziana também soprou positivamente. Suas instalações já foram reservadas, o termo que museus usam para iniciar o processo de aquisição, uma delas para o Museu de Arte Moderna de Nova York.


O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite da associação BrasilConnects


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