ALEXANDRE MATIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Tropical, Rio de Janeiro city, 40 graus/ Vou ao baile funk pra poder me divertir/ E se tiver uma beer, e se tiver um green..." Se o sistema de som tropical do cantor e guitarrista Gabriel Muzak reverbera diferentes clichês do imaginário carioca, não o faz em vão: reúne distintos elementos e tribos da cidade cada vez mais partida.
Muzak, que lança seu primeiro disco solo ("Bossa Nômade") em apresentação no Itaú Cultural hoje à noite, reúne as raízes da Lapa ao groove do subúrbio, a vibração "descolê" da zona sul e o caldeirão de raças teorizado por pós-intelectuais a passeio. A fusão sonora resulta em híbridos perfeitos, que fundem samba, reggae, funk carioca, hip hop e uma afeição rítmica pela guitarra que traça pontes entre cordas árabes, riffs afropop e o velho rock'n'roll.
Fundador dos controversos Funk Fuckers, Muzak também é o guitarrista da banda Seletores de Freqüência, que acompanha o rapper BNegão (outro ex-FF) em seu recente trabalho solo. "Fiquei no grupo até a banda acabar. Ninguém aguentava mais passar um perrengue atrás do outro." Com o fim do grupo, Muzak trabalhou com outras bandas -o Zabumbayê Muhameds ("de rock afro-árabe") e o grupo de dub Dubom (com o DJ Marcelinho da Lua).
O show reduz o disco a um mínimo rock (Guilherme Muniz no baixo e Lourenço Monteiro na bateria). "A diferença fundamental é que no disco há muitos elementos eletrônicos, e o show será power trio. Vamos tocar quatro músicas novas. Estão todos convidados."