São Paulo, sexta-feira, 08 de junho de 2007

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THIAGO NEY

Universo paralelo

Roky Erickson tinha tudo nos anos 60, mas seu mundo ruiu por causa de um baseado; sua vida está em documentário

ENTÃO 1966, Roky Erickson era das figuras mais quentes na Califórnia. Tinha composto um grande hit, "You're Gonna Miss Me", bastante tocado nas rádios, seus shows lotavam grandes palcos, e ele tinha, entre seus fãs, gente como Janis Joplin. Mais: foi com sua banda, a 13th Floor Elevators, que apareceu o termo "rock psicodélico". Mas Erickson praticamente desapareceu, protagonista de uma das trajetórias mais tristes da história do rock. Neste ano, está sendo trazido de volta ao mapa do pop.
O jornalista norte-americano Keven McAlester, para seu primeiro documentário, passou sete anos filmando Erickson e seus familiares. O resultado é "You're Gonna Miss Me", que estreou nos EUA.
Então 1966, um ano antes do "verão do amor" que inundou San Francisco, Erickson tinha 19 anos e acabara de lançar "The Psychedelic Sounds of the 13th Floor Elevators", disco que indicava o LSD como meio para "elevar a mente e a consciência". Mas o mundo de Roky não ruiu por causa do LSD.
Em 1969, o vocalista foi detido no Texas com um (sim, um) baseado. Levado ao tribunal, para evitar passar longo tempo na prisão, foi aconselhado a alegar insanidade. Como pena, acabou internado num hospício, onde o "tratamento" dos internos incluía choques elétricos. Permaneceu ali por três anos.
Ao sair, casou, descasou, casou de novo, voltou a tomar drogas, ficou com apenas três dentes na boca e traiu sua mulher -a própria diz isso no documentário de McAlester.
Nos anos 70, com comportamento errático que muitos confundiram com esquizofrenia, o cantor criou outra banda, Roky Erickson and the Aliens. Ficou tão obcecado com extraterrestres que chegou a pedir a um advogado que fizesse um documento no qual ele se declara um alienígena. O documento está pendurado na parede de sua casa.
Lançou discos, apareceu como convidado em álbuns de outros artistas e, em 1987, praticamente desapareceu, passando a viver sob os cuidados de sua mãe, Evelyn.
Em conflitos familiares capazes de fazer os filmes de Todd Solondz parecerem comédias românticas, Roky se viu no meio de uma disputa judicial. Seu irmão mais novo, Sumner, brigou com a mãe e foi à Justiça pedir a custódia de Roky. Sumner afirmava que a mãe não fornecia os medicamentos necessários ao irmão. Ganhou o caso em 2001.
Em 2005, reapareceu no festival Austin City Limits. Neste ano, fez alguns shows com sua nova banda, Explosives. Aos 59 anos, se prepara para tocar em alguns festivais pela Europa, como o Roskilde, na Dinamarca, e o Meltdown, na Inglaterra.

 

A Trama, que nos anos 90 surgiu como gravadora inovadora e tal, hoje tenta uma reformulação para sobreviver ao mercado. Uma iniciativa é o "download remunerado" no TramaVirtual (www.tramavirtual.com.br). A partir de segunda, as bandas receberão dinheiro cada vez que suas canções forem baixadas por usuários do site.

thiago@folhasp.com.br

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