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Maioria já consumiu CDs e DVDs piratas
É de quase 70% índice dos paulistanos que dizem já ter comprado produto ilegal
Parcela da população
adulta paulistana que afirma consumir regularmente audiovisual pirata atinge 43%
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria dos adultos paulistanos admite já ter consumido
CDs e filmes piratas; 68% dizem ter comprado CDs de música piratas e 64% afirmam que
adquiriram filmes piratas.
O consumo regular de produtos audiovisuais ilegais, no entanto, é afirmado por um número menor da população
-44% dizem que costumam
comprar álbuns musicais piratas, e 43% se definem como
consumidores de DVDs piratas.
"Esses números, para mim,
são um alento", diz Antonio
Borges, diretor-executivo da
Associação Anti-Pirataria Cinema e Música (APCM).
O "alento" é que os índices
apontados pelo instituto Datafolha "não fogem muito", segundo Borges, aos números de
que a associação dispõe, mas
são ligeiramente menores.
"O volume de apreensões [de
produtos ilegais no mercado
informal] cresceu muito no último ano, mas não esperava
que esse número [de consumo
de produtos piratas] começasse
a cair. Não sei se é resultado da
repressão ou da conscientização", diz Borges, delegado da
Polícia Federal aposentado.
Combate
A APCM foi criada no ano
passado, quando os setores de
música e cinema decidiram
unir esforços no combate à pirataria, que atinge ambas as indústrias.
A MPA (Motion Picture Association), que reúne os maiores estúdios de cinema norte-americanos, calcula que deixou
de ganhar US$ 198 milhões (R$
322 milhões) no Brasil em
2006, por causa da pirataria, o
que corresponderia a uma perda de 22% do mercado potencial para exploração de filmes
no cinema e em vídeo.
Borges se diz "surpreso" com
o fato de o consumo de CDs piratas superar o de DVDs no resultado da pesquisa Datafolha.
Segundo ele, nas mais recentes
apreensões de produtos piratas
feitas pela polícia e acompanhadas pela APCM, quase 70%
dos itens eram DVDs. "A música hoje está sendo mais pirateada pela internet", acredita.
O Datafolha também mediu
o hábito dos paulistanos de baixar músicas e filmes no computador, mas sem especificar se os
downloads eram legais ou ilegais. A pergunta feita aos entrevistados foi: "Quando você
acessa a internet, você costuma: baixar músicas? Baixar vídeos ou filmes?". Os que costumam baixar música são 42%, e
os que têm hábito de baixar filmes e vídeos, 21%. O índice dos
que dizem não acessar a internet é de 44%.
Classes A e B
Os 598 entrevistados pelo
Datafolha (entre 8/5 e 10/5
passados) têm idade a partir de
16 anos. A margem de erro da
pesquisa é de quatro pontos
percentuais, para mais ou para
menos.
Entre os internautas, a maior
concentração dos que baixam
arquivos de música e filmes
pertence às classes A e B, têm
nível médio de escolaridade,
trabalham, são solteiros e sem
filhos. O jovem com tempo
(sem filhos) e dinheiro é o
maior consumidor cultural. Os
dados indicam que os segmentos da população que mais consomem produtos piratas pertencem às classes A e B, têm entre 16 e 24 anos e são economicamente ativos (ou trabalham
ou estão procurando emprego).
Repressão
A concentração de consumidores de pirataria nas classe A e
B "não é novidade" para a
APCM, segundo seu diretor-geral. Por isso, Borges acredita
que a ênfase na repressão ao
consumo pirata deve ser maior
que o esforço de conscientização. "Se a maioria [dos consumidores de produto pirata] é
das classes A e B, são pessoas
que, teoricamente, têm mais
informações e cultura. Elas deveriam saber que se trata de um
crime e que estão prejudicando
culturalmente o Brasil", diz
Borges. Após uma pausa, ele
conclui: "As pessoas sabem,
mas, por incrível que pareça,
querem levar vantagem".
(SA)
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