São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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Maioria já consumiu CDs e DVDs piratas

É de quase 70% índice dos paulistanos que dizem já ter comprado produto ilegal

Parcela da população adulta paulistana que afirma consumir regularmente audiovisual pirata atinge 43%


DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos adultos paulistanos admite já ter consumido CDs e filmes piratas; 68% dizem ter comprado CDs de música piratas e 64% afirmam que adquiriram filmes piratas.
O consumo regular de produtos audiovisuais ilegais, no entanto, é afirmado por um número menor da população -44% dizem que costumam comprar álbuns musicais piratas, e 43% se definem como consumidores de DVDs piratas.
"Esses números, para mim, são um alento", diz Antonio Borges, diretor-executivo da Associação Anti-Pirataria Cinema e Música (APCM).
O "alento" é que os índices apontados pelo instituto Datafolha "não fogem muito", segundo Borges, aos números de que a associação dispõe, mas são ligeiramente menores.
"O volume de apreensões [de produtos ilegais no mercado informal] cresceu muito no último ano, mas não esperava que esse número [de consumo de produtos piratas] começasse a cair. Não sei se é resultado da repressão ou da conscientização", diz Borges, delegado da Polícia Federal aposentado.

Combate
A APCM foi criada no ano passado, quando os setores de música e cinema decidiram unir esforços no combate à pirataria, que atinge ambas as indústrias.
A MPA (Motion Picture Association), que reúne os maiores estúdios de cinema norte-americanos, calcula que deixou de ganhar US$ 198 milhões (R$ 322 milhões) no Brasil em 2006, por causa da pirataria, o que corresponderia a uma perda de 22% do mercado potencial para exploração de filmes no cinema e em vídeo.
Borges se diz "surpreso" com o fato de o consumo de CDs piratas superar o de DVDs no resultado da pesquisa Datafolha. Segundo ele, nas mais recentes apreensões de produtos piratas feitas pela polícia e acompanhadas pela APCM, quase 70% dos itens eram DVDs. "A música hoje está sendo mais pirateada pela internet", acredita.
O Datafolha também mediu o hábito dos paulistanos de baixar músicas e filmes no computador, mas sem especificar se os downloads eram legais ou ilegais. A pergunta feita aos entrevistados foi: "Quando você acessa a internet, você costuma: baixar músicas? Baixar vídeos ou filmes?". Os que costumam baixar música são 42%, e os que têm hábito de baixar filmes e vídeos, 21%. O índice dos que dizem não acessar a internet é de 44%.

Classes A e B
Os 598 entrevistados pelo Datafolha (entre 8/5 e 10/5 passados) têm idade a partir de 16 anos. A margem de erro da pesquisa é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.
Entre os internautas, a maior concentração dos que baixam arquivos de música e filmes pertence às classes A e B, têm nível médio de escolaridade, trabalham, são solteiros e sem filhos. O jovem com tempo (sem filhos) e dinheiro é o maior consumidor cultural. Os dados indicam que os segmentos da população que mais consomem produtos piratas pertencem às classes A e B, têm entre 16 e 24 anos e são economicamente ativos (ou trabalham ou estão procurando emprego).

Repressão
A concentração de consumidores de pirataria nas classe A e B "não é novidade" para a APCM, segundo seu diretor-geral. Por isso, Borges acredita que a ênfase na repressão ao consumo pirata deve ser maior que o esforço de conscientização. "Se a maioria [dos consumidores de produto pirata] é das classes A e B, são pessoas que, teoricamente, têm mais informações e cultura. Elas deveriam saber que se trata de um crime e que estão prejudicando culturalmente o Brasil", diz Borges. Após uma pausa, ele conclui: "As pessoas sabem, mas, por incrível que pareça, querem levar vantagem". (SA)


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