São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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"Auto da Compadecida" vai às bancas

Peça clássica de Ariano Suassuna é o 18º volume da "Coleção Folha", que sai no próximo domingo

DA REPORTAGEM LOCAL

Escrito em 1955 e com estréia no ano seguinte, o "Auto da Compadecida" une a tradição popular do Nordeste com a espiritualidade cristã e encontra paralelo na dramaturgia ibérica dos séculos 15 ao 17. Com ele, o escritor Ariano Suassuna ganhou notoriedade, estabelecendo um marco no teatro nacional.
A peça foi premiada em 1957 no Primeiro Festival de Amadores Nacionais, no Rio de Janeiro. Desde o início, teve o mérito de cativar tanto o público quanto a crítica.
Sábato Magaldi e Anatol Rosenfeld foram alguns dos especialistas que se debruçaram sobre a obra. Sobre ela, a escritora Rachel de Queiroz declarou que "foi uma das coisas mais deliciosas que tenho lido em vida minha, desde que sei ler".
Em 1999, foi ao ar uma minissérie baseada no texto de Suassuna. Dirigida por Guel Arraes e com Selton Mello e Matheus Nachtergaele nos papéis principais (além de Fernanda Montenegro), ganhou versão no cinema um ano depois.
O enredo gira em torno dos amigos João Grilo e Chicó, dois simpáticos malasartes que desafiam a ordem de uma pequena cidade, por sua vez assentada em desmandos, falcatruas e traições. A chegada do cangaceiro Severino do Aracaju muda o rumo da história, que culmina em uma disputa entre o demônio e a Compadecida pela alma dos personagens.
A forma não-ilusionista como a peça se apresenta, com um palhaço como narrador e os atores à roda da cena, lembra o teatro épico de Brecht, mas a fonte declarada do autor foi o Nordeste. João Grilo é herói de dois romances da região.
Na origem estão tanto os autos do português Gil Vicente quanto o teatro espanhol do século 17, como o de Calderón de La Barca, além da tradição italiana da "commedia dell'arte".
Ariano Suassuna nasceu na Paraíba, em 1927, Estado do qual seu pai foi governador. Fundou em 1970 o Movimento Armorial, em prol das raízes populares da cultura brasileira. Crítico de teatro e professor universitário, escreveu ainda a peça "O Santo e a Porca" (1957) e o "Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta" (1971).


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