|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Auto da Compadecida" vai às bancas
Peça clássica de Ariano Suassuna é o 18º volume da "Coleção Folha", que sai no próximo domingo
DA REPORTAGEM LOCAL
Escrito em 1955 e com estréia no ano seguinte, o "Auto
da Compadecida" une a tradição popular do Nordeste com a
espiritualidade cristã e encontra paralelo na dramaturgia
ibérica dos séculos 15 ao 17.
Com ele, o escritor Ariano
Suassuna ganhou notoriedade,
estabelecendo um marco no
teatro nacional.
A peça foi premiada em 1957
no Primeiro Festival de Amadores Nacionais, no Rio de Janeiro. Desde o início, teve o mérito de cativar tanto o público
quanto a crítica.
Sábato Magaldi e Anatol Rosenfeld foram alguns dos especialistas que se debruçaram sobre a obra. Sobre ela, a escritora
Rachel de Queiroz declarou
que "foi uma das coisas mais
deliciosas que tenho lido em vida minha, desde que sei ler".
Em 1999, foi ao ar uma minissérie baseada no texto de
Suassuna. Dirigida por Guel Arraes e com Selton Mello e Matheus Nachtergaele nos papéis
principais (além de Fernanda
Montenegro), ganhou versão
no cinema um ano depois.
O enredo gira em torno dos
amigos João Grilo e Chicó, dois
simpáticos malasartes que desafiam a ordem de uma pequena cidade, por sua vez assentada em desmandos, falcatruas e
traições. A chegada do cangaceiro Severino do Aracaju muda o rumo da história, que culmina em uma disputa entre o
demônio e a Compadecida pela
alma dos personagens.
A forma não-ilusionista como a peça se apresenta, com
um palhaço como narrador e os
atores à roda da cena, lembra o
teatro épico de Brecht, mas a
fonte declarada do autor foi o
Nordeste. João Grilo é herói de
dois romances da região.
Na origem estão tanto os autos do português Gil Vicente
quanto o teatro espanhol do século 17, como o de Calderón de
La Barca, além da tradição italiana da "commedia dell'arte".
Ariano Suassuna nasceu na
Paraíba, em 1927, Estado do
qual seu pai foi governador.
Fundou em 1970 o Movimento
Armorial, em prol das raízes
populares da cultura brasileira.
Crítico de teatro e professor
universitário, escreveu ainda a
peça "O Santo e a Porca" (1957)
e o "Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do
Vai-e-Volta" (1971).
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: "A alma do programa não é o apresentador" Índice
|