São Paulo, Terça-feira, 08 de Junho de 1999
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LIVRO - LANÇAMENTOS
Do velho Happy Mondays ao novo Basement Jaxx

"Hey Boy Hey Girl" "Right Here, Right Now" "Red Alert" "Whitey Ford Sings the Blues" LÚCIO RIBEIRO
Editor-adjunto da Ilustrada

O grande forno da indústria pop continua produzindo discos bacanas em larga escala, no formato single ou álbum, destinados a todas as turmas musicais.
Como esta página de discos não comporta todos os lançamentos recentes/decentes que merecem destaque, a Ilustrada selecionou seis exemplares que chegam fresquíssimos às lojas (um nacional, cinco importados).
Serão privilegiados o retorno ao disco da lesada banda inglesa Happy Mondays, a alta-cultura barulhenta do Pavement, o novo hit planetário Basement Jaxx, Chemical Brothers e o aperitivo para o provável melhor álbum do ano. Mais o mago Fatboy Slim e o rapper Everlast.
Ouça estas palavras.

HAPPY MONDAYS

Vamos aproveitar. Enquanto as drogas e as brigas deixarem, Shaun Ryder, Bez e o resto da festeira banda de Manchester estão de volta para nos divertir.
Os rapazes, no final dos anos 80, ajudaram a forjar a deliciosa indie-dance (conceito que bota no mesmo pacote som alegre, guitarras, pistas de dança, a droga Ecstasy, psicodelia). E agora registram em estúdio, seis anos depois da separação e Black Grape à parte, este single "The Boys Are Back in Town", em duas versões.
A canção, é bom que se diga, não tem nada a ver com o hino homônimo do Thin Lizzy. E nem mereceria estar ao lado dos grandes clássicos do grupo no "Greatest Hits" do Happy Mondays recém-lançado na Inglaterra.
Mas, no fim das contas, "The Boys Are Back in Town" cumpre seu papel e diverte, bem acompanhada por um remix da velhas e bacanudas "Lazyitis" (no CD 1 ) ou por "Loose Fix", "Loose Fit" remexidas (no CD 2). Uma boa pedida, para enquanto a banda durar.


Avaliação:


"The Boys Are Back in Town", single do Happy Mondays (London Records, importado).
PAVEMENT

Banda básica. Esta talvez seja a mais marcante qualidade a ser atribuída ao grupo de rock avant-garde californiano Pavement, mentora do que de melhor se fez com guitarras na música alternativa americana nesta década, mesmo quando quem dava as cartas eram grunge, depois britpop, depois eletrônica.
Pois as novas bandas que ensaiam seu surgimento pelas garagens do planeta já têm nova cartilha a partir desta semana, quando é lançado na Inglaterra o novo álbum do Pavement, "Terror Twilight". Enquanto o quinto disco da turma de Stephen Malkmus não chega aqui embaixo, já dá para se divertir com este single de duas versões, "Carrot Rope". Cada CD de vem com duas inéditas, que não estarão no álbum.
Se você tem paciência com o som lo-fi de primeira do Pavement, compre e chore. É maravilhoso.

Avaliação:


"Carrot Rope", single do Pavement (Domino/Matador, importado).

CHEMICAL BROTHERS

Se seu esqueleto ainda balança sozinho, inadvertidamente, é ainda sob o efeito da passagem do duo inglês Chemical Brothers pelo Brasil, no fim de maio último.
Para que esse efeito não acabe antes de o álbum, "Surrender, ser lançado (21 de junho, Inglaterra; 22 EUA; logo depois, Brasil), o remédio é recorrer ao single, "Hey Boy Hey Girl", disponível nas melhores casas (de disco importado) do ramo.
"Hey Boy Hey Girl", a música que abriu os shows de SP/Rio, o clipe dos esqueletos em cartaz na MTV e provavelmente o hino do verão europeu, é uma convocação imperialista às pistas. É impossível ouvir as palavras "Here we go", entre as batidas, e não ir junto.
De quebra, o single traz ainda o tecno pesado "Flashback" e a viagem kraftwerkiana "Scale".

Avaliação:


"Hey Boy Hey Girl", single do Chemical Brothers (Astralwerks/Virgin, importado).

EVERLAST

Para o bem e para o mal, "Whitey Ford Sings the Blues", álbum solo Erik Schrody, vulgo Everlast, foi o principal disco de rap do ano, até ser esmagado pelo álbum de estréia de Eminem.
Hip hop largado, lento, de estirpe Tommy Boy Records, do cara que liderou o grande House of Pain. Credenciais que não servem para salvar o disco da qualificação "regular", tamanha a irregularidade das canções.
Everlast teve um princípio de infarto durante as gravações do disco. Talvez por isso o clima do disco esteja mais para o soturno do que para "Jump Around". É preciso garimpar entre as 18 faixas do disco para encontrar canções legais.

Avaliação:


"Whitey Ford Sings the Blues", álbum do Everlast (Warner, lançamento nacional, preço médio de R$ 20).

BASEMENT JAXX

Sai Cassius, entra Basement Jaxx. A house fabrica de novo o ingresso mais disputado dos clubes de Londres, o duo de Brixton formado por Felix Buxton e Simon Ratcliffe, já frequentadores das capas das revistas descoladas da Inglaterra.
Antes de recém-perpetrar o já aclamado álbum dance do ano, "Remedy", eles soltaram este single "Red Alert", em duas bacanas versões, festa funk das mais animadas. Morra de inveja, Prince.

Avaliação:


"Red Alert", single do Basement Jaxx (XL Recordings, importado).

FATBOY SLIM

Na sua lista de seus melhores amigos, com certeza deve constar o nome de Norman Cook, o DJ por trás da banda Fatboy Slim, o cara que transforma em "groovies" da pesada todas as batidas e riffs de guitarra em que encosta a mão.
Então, não dá para deixar de ter discos de um amigo desses, como "Right Here, Right Now", quarto single tirado do álbum-fábrica de singles "You've Come a Long Way, Baby", de 98. A música é bombardeada na TV inglesa em horário nobre, quase na íntegra em longo comercial da Adidas.
O miolo também é saboroso. Quentin Tarantino deve estar pensando em colocar o lado B "Don't Forget Your Teeth", hip hop dance setentista, em seu próximo filme. E, ainda, vem o mix original da ótima "Praise You", o single anterior.
Amigo eterno, esse Cook.

Avaliação:


"Right Here, Right Now", single do Fatboy Slim (Skint, importado).


Os discos importados citados nesta página podem ser encontrados ou encomendados nas lojas London Calling (tel. 011/223-5300), Bizarre (tel. 011/ 220-7933) e Indie (tel. 011/816-1220)



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