Divulgação

O escritor Jorge Luís Borges, tema de eventos no Rio e em São Paulo

CYNARA MENEZES
da Reportagem Local

O que o Mercosul ainda não logrou Jorge Luis Borges está conseguindo: aprofundar as relações entre o Brasil e a Argentina. Ou, pelo menos, entre o Brasil e o argentino, morto em 1986.
A dois meses da comemoração dos 100 anos do escritor, nascido em 24 de agosto de 1899, dois megaeventos divulgam a obra de Borges em São Paulo e no Rio.
A viúva, María Kodama, que já havia vindo ao Brasil no ano passado para o lançamento do primeiro volume das "Obras Completas" de Borges pela editora Globo, está de volta hoje para abrir o evento carioca, até sexta-feira no Centro Cultural Banco do Brasil.
"Informes de Borges" é uma aproximação à persona do escritor por meio de palestras com quem conviveu com ele -além da viúva, o secretário particular Alberto Manguel, o biógrafo James Woodall, o livreiro Hector Yánover e o ex-aluno Santiago Kovadloff.
Atores globais -Eva Wilma, Carlos Zara e Rubens de Falco- e o apresentador do Fantástico, Pedro Bial, foram convidados para fazer leituras abertas de obras de Borges e servir de chamariz para o grande público.

Labirinto
Em São Paulo, os "Labirintos de Borges" pretendem promover uma aproximação ainda maior do público em geral com as intrincadas tramas do autor de "O Aleph".
Estão programados debates, apresentações musicais e de dança, teatro, exibição de vídeos e uma exposição interativa, quase todos gratuitos (com exceção do espetáculo teatral), no Sesc Vila Mariana a partir de quinta-feira até 4 de julho.
Uma instalação de 100 m2 é a porta de entrada para a interação do público com o universo borgeano. O nome diz tudo: "Labirinto", uma composição com espelhos, textos e fotos de autoria do artista plástico argentino radicado no Brasil Miguel Angel Paladino.
Paladino, um "borgeano fanático", é um dos idealizadores da homenagem e se inspirou, para a instalação, no texto "El Laberinto", escrito por Borges após uma viagem com María Kodama ao redor do mundo, já cego.
Depois de visitar o labirinto de Creta, embebido com as imagens do Minotauro em sua memória, o autor argentino escreveu: "María Kodama e Eu Nos Perdemos naquela Manhã e Continuamos Perdidos no Tempo, esse outro labirinto".
"Usei dois elementos recorrentes na obra de Borges, os espelhos e o labirinto", explicou Paladino. "Como no texto, na instalação os escritos vão se acumulando no decorrer do labirinto, o que leva também a uma reflexão sobre o tempo."

Trilha sonora
A trilha sonora traz composições musicais e efeitos sonoros, como a leitura de textos de Borges em sua própria voz e na voz de crianças e atores.
O texto sobre o labirinto também serviu de ponto de partida para a criação da performance de dança homônima criada e interpretada por Gaby Imparato.
A leitura de Denise Stoklos de textos do escritor durante a última visita de Kodama ao Brasil inspirou Paladino a convidá-la para apresentar um espetáculo durante o evento, "Elogio", com a cantora e pianista Cida Moreira.
Os grupos argentinos Buenos Aires Tango e Quinteto Baraj interpretarão milongas e tangos com letras de Borges musicadas por Astor Piazzolla.
Haverá ainda um ciclo dedicado à visão de Borges sobre o cinema, cursos, oficinas e o lançamento de um CD-Rom sobre a obra e a vida do escritor, já publicado na Argentina.


Texto Anterior: Personalidade: Morre Mel Tormé, o "Ello Fitzgerald"
Próximo Texto: Autor é tema de discussão
Índice