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ARTES PLÁSTICAS
Exposição em São Paulo reúne oito obras inéditas do norte-americano ao lado de outras oito do brasileiro
Frank Stella trava diálogo em galpão com Nuno Ramos
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
É impressionante constatar que
Frank Stella, o mesmo artista que
produziu, nos anos 50, algumas
das mais clássicas obras do minimalismo, seja o mesmo que apresenta as oito obras em grande formato, esculturas e pinturas, no
"Encontro com Arte", mostra
que, a partir de hoje, é aberta ao
público, após dez dias restrita
apenas a convidados de uma marca de cigarros.
"São 50 anos, foi um longo processo passo a passo de transformação", afirma o norte-americano Stella, que se apresenta junto
ao brasileiro Nuno Ramos, também com oito obras em grandes
dimensões.
A visão no imenso galpão que
reúne os trabalhos é grandiosa,
não só pelo tamanho das obras,
mas porque as aproximações entre os dois artistas, propostas pela
curadora Vanda Klabin, são claras. "Conheço Nuno desde 1988,
nossa obra tem um diálogo quase
óbvio, especialmente com as esculturas de areia dele, pois elas
têm uma forte presença de ocupação do espaço, da mesma intensidade das minhas", diz Stella.
O que torna ainda mais rico tal
diálogo é a diversidade de materiais usados, tornando duas individuais uma coletiva. E, o melhor,
todos os trabalhos de Stella são
inéditos, vieram diretamente do
seu ateliê, em Nova York, o que dá
maior frescor às obras apresentadas.
Apesar do forte contraste com
seus trabalhos na década de 50, o
americano, um dos mais prestigiados artistas contemporâneos,
não vê apenas diferenças nos períodos de suas obras: "Há um senso de mudança, é verdade. Mas,
por outro lado, creio que temos
uma impressão genética, não
acho que a maneira como coloco
as coisas na pintura hoje são muito diferentes do que fazia antes,
podem-se ver ecos do que fiz no
passado nessas obras".
E o que move as mudanças no
trabalho de Stella? "É preciso ver
coisas, passar por experiências,
observar as obras e transformações em outros artistas. Tudo isso
exerce influência em mim e me
faz pensar o que gostaria de fazer", conta o norte-americano.
Pintor por excelência, Stella não
gosta de entrar na velha e manjada discussão da morte da pintura:
"Não me preocupo com isso, porque fazer arte não é fácil. Não
acredito que o tipo de arte que se
faça seja a questão. Poderíamos
dizer que, entre os séculos 9 e 13, a
pintura estava morta, mas havia
grande arquitetura. A arte é uma
forma individual de expressão, e a
qualidade dessa expressão, ou seja, quanto ela satisfaz a quem a
realiza e quanto ela satisfaz o público, é o que conta".
Criador da famosa frase "o que
você vê é o que você vê", contra o
excesso de interpretação na obra
de arte, os trabalhos de Frank Stella na mostra em São Paulo comprovam que o contato físico, ao
menos em seu caso, é mais do que
necessário.
ENCONTRO COM ARTE, AFINIDADES E
DIVERSIDADES. Mostra com obras em
grandes dimensões dos artistas Frank
Stella e Nuno Ramos. Curadoria: Vanda
Klabin. Quando: das 11h às 20h; até 17 de
julho. Onde: av. Roque Petroni Jr., 630,
Brooklin, SP, tel. 0/xx/11/5041-3162.
Quanto: R$ 5 (sáb. e dom., entrada
franca).
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