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Invasão literária ocupa ruas de Parati
Com 38 autores, 2ª edição da Flip mobiliza cidade fluminense e "não pode crescer mais", segundo a organizadora, Liz Calder
CASSIANO ELEK MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A PARATI
A chuva ameaçou, chegou a deixar as pedras da calçada de Parati
escorregadias na terça-feira, mas
o sol veio a tempo da abertura da
Festa Literária Internacional de
Parati. A segunda edição do evento começou às 16h de ontem, com
extenso depoimento da escritora
Vilma Guimarães Rosa sobre seu
pai, João, homenageado do evento.
A Flip não ficou só do lado de
dentro da grandiosa tenda branca
de 1.400 m2 que a cidade viu nascer nas últimas semanas. Todo o
centro histórico da cidade fluminense está "flipado", seja com flâmulas verdes, azuis e amarelas,
cada uma com o nome de um dos
38 escritores que falam no evento,
seja com placas "Flip-se" e como
crachás pendurados no pescoço
de dezenas de pessoas nas ruas.
"Neste ano, até os cachorros da
cidade estão de crachá", brincou
um escritor que pediu para não
ter seu nome anunciado. "Acabou
a fase heróica."
A própria idealizadora do evento, a inglesa Liz Calder, concorda.
"No ano passado, tivemos pouco
tempo para montar a festa e não
havia uma idéia nem aproximada
de quantas pessoas se interessariam. Neste ano, deu para fazer
tudo de forma profissional", disse
a editora e "presidente" da Flip.
Ela diz que já em seu segundo
ano o evento literário chegou a
seu ponto de equilíbrio. Depois de
crescer de 24 para 38 autores e
mais do que triplicar o número de
cadeiras para o público, a Flip deve continuar com o mesmo tamanho nos próximos anos. "Não podemos crescer mais. O [escritor
inglês] Julian Barnes me disse que
é muito difícil para um escritor falar para mais de 500 pessoas", diz
ela. A Tenda dos Autores, espaço
das conferências, tem 550 lugares.
Há quem discorde que 550 lugares é muito. "Cheguei quatro dias
antes do começo do evento para
comprar ingressos para Verissimo e não achei nem com cambistas", diz a arquiteta Joana Gonçalo, que veio de Petrópolis para assistir à Flip.
O escritor e humorista, que foi
dos primeiros a ter seus ingressos
esgotados, junto com Chico e
Caetano Veloso, só chegou ontem
no final do dia, mas um boneco de
papelão com a sua silhueta está na
porta da livraria Nova Parati.
Única revenda de livros da cidade, a casa que, por se sentir excluída da Flip, havia prometido colocar uma faixa do lado de fora em
solidariedade a João Ubaldo Ribeiro (que desistiu de participar
da festa), não pendurou seu protesto, mas acondicionou todos os
livros do autor baiano com destaque em suas prateleiras.
O outro baiano, Caetano, veio e
atraiu uma centena de curiosos
para espiá-lo no fim da tarde fazendo a "passagem de som" para
o show que apresentaria de noite.
Já Chico Buarque, que tem suas
canções soando em uníssono nos
bares da cidade, deixou para chegar em cima da hora. Ele deve
aparecer em Parati só no sábado,
dia em que faz palestra a quatro
mãos com Paul Auster -depois
de uma pelada de futebol que está
sendo agendada.
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