São Paulo, quinta-feira, 08 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Invasão literária ocupa ruas de Parati

Com 38 autores, 2ª edição da Flip mobiliza cidade fluminense e "não pode crescer mais", segundo a organizadora, Liz Calder

CASSIANO ELEK MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A PARATI

A chuva ameaçou, chegou a deixar as pedras da calçada de Parati escorregadias na terça-feira, mas o sol veio a tempo da abertura da Festa Literária Internacional de Parati. A segunda edição do evento começou às 16h de ontem, com extenso depoimento da escritora Vilma Guimarães Rosa sobre seu pai, João, homenageado do evento.
A Flip não ficou só do lado de dentro da grandiosa tenda branca de 1.400 m2 que a cidade viu nascer nas últimas semanas. Todo o centro histórico da cidade fluminense está "flipado", seja com flâmulas verdes, azuis e amarelas, cada uma com o nome de um dos 38 escritores que falam no evento, seja com placas "Flip-se" e como crachás pendurados no pescoço de dezenas de pessoas nas ruas.
"Neste ano, até os cachorros da cidade estão de crachá", brincou um escritor que pediu para não ter seu nome anunciado. "Acabou a fase heróica."
A própria idealizadora do evento, a inglesa Liz Calder, concorda. "No ano passado, tivemos pouco tempo para montar a festa e não havia uma idéia nem aproximada de quantas pessoas se interessariam. Neste ano, deu para fazer tudo de forma profissional", disse a editora e "presidente" da Flip.
Ela diz que já em seu segundo ano o evento literário chegou a seu ponto de equilíbrio. Depois de crescer de 24 para 38 autores e mais do que triplicar o número de cadeiras para o público, a Flip deve continuar com o mesmo tamanho nos próximos anos. "Não podemos crescer mais. O [escritor inglês] Julian Barnes me disse que é muito difícil para um escritor falar para mais de 500 pessoas", diz ela. A Tenda dos Autores, espaço das conferências, tem 550 lugares. Há quem discorde que 550 lugares é muito. "Cheguei quatro dias antes do começo do evento para comprar ingressos para Verissimo e não achei nem com cambistas", diz a arquiteta Joana Gonçalo, que veio de Petrópolis para assistir à Flip.
O escritor e humorista, que foi dos primeiros a ter seus ingressos esgotados, junto com Chico e Caetano Veloso, só chegou ontem no final do dia, mas um boneco de papelão com a sua silhueta está na porta da livraria Nova Parati.
Única revenda de livros da cidade, a casa que, por se sentir excluída da Flip, havia prometido colocar uma faixa do lado de fora em solidariedade a João Ubaldo Ribeiro (que desistiu de participar da festa), não pendurou seu protesto, mas acondicionou todos os livros do autor baiano com destaque em suas prateleiras.
O outro baiano, Caetano, veio e atraiu uma centena de curiosos para espiá-lo no fim da tarde fazendo a "passagem de som" para o show que apresentaria de noite. Já Chico Buarque, que tem suas canções soando em uníssono nos bares da cidade, deixou para chegar em cima da hora. Ele deve aparecer em Parati só no sábado, dia em que faz palestra a quatro mãos com Paul Auster -depois de uma pelada de futebol que está sendo agendada.


Texto Anterior: Flipetas
Próximo Texto: Evento homenageia Guimarães Rosa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.