São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007

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Crítica

Peter Sellers criou inspetor insuperável

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Depois da recente enquete da Ilustrada sobre os melhores comediantes de todos os tempos, houve, evidentemente, reclamações. Por que Chevy Chase ficou fora? E por que Steve Martin foi excluído da galeria dos grandes? E onde estariam Cantinflas e Max Linder, apenas para lembrar dois comediantes capitais?
Peter Sellers foi lembrado por alguns, graças sobretudo ao tipo insuperável criado em "A Pantera Cor-de-Rosa" (TC Cult, 22h). Trata-se da melhor série cômica do cinema moderno, já que houve quatro ou cinco exemplares autênticos (descontadas as picaretagens do fim de ciclo, quando Blake Edwards, após a morte de Sellers, juntou pedaços não-utilizados dos filmes anteriores, o que foi patético, ou quando se tentou ressuscitá-lo na pele de Roberto Benigni, o que foi triste).
O encanto do inspetor Clouseau é que ele não é tão diferente dos outros policiais. Isto é, diante de um enigma, todos parecem tolos em alguns momentos. A particularidade de Clouseau é a enorme burrice.
Ele não alucina nunca. É um homem da razão, tanto quanto Descartes. Só que a razão burra só o leva ao equívoco, do qual o salvará, invariavelmente, uma sorte quase sem limites.
O mais interessante é que Sellers empreste a esse personagem francês uma arrogância britânica. Dirigindo, Blake Edwards completa o quadro desta comédia nos lembrando que é de burlesco americano que se trata.


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