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Crítica
Peter Sellers criou inspetor insuperável
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Depois da recente enquete da
Ilustrada sobre os melhores
comediantes de todos os tempos, houve, evidentemente, reclamações. Por que Chevy Chase ficou fora? E por que Steve
Martin foi excluído da galeria
dos grandes? E onde estariam
Cantinflas e Max Linder, apenas para lembrar dois comediantes capitais?
Peter Sellers foi lembrado
por alguns, graças sobretudo ao
tipo insuperável criado em "A
Pantera Cor-de-Rosa" (TC
Cult, 22h). Trata-se da melhor
série cômica do cinema moderno, já que houve quatro ou cinco exemplares autênticos (descontadas as picaretagens do
fim de ciclo, quando Blake Edwards, após a morte de Sellers,
juntou pedaços não-utilizados
dos filmes anteriores, o que foi
patético, ou quando se tentou
ressuscitá-lo na pele de Roberto Benigni, o que foi triste).
O encanto do inspetor Clouseau é que ele não é tão diferente dos outros policiais. Isto
é, diante de um enigma, todos
parecem tolos em alguns momentos. A particularidade de
Clouseau é a enorme burrice.
Ele não alucina nunca. É um
homem da razão, tanto quanto
Descartes. Só que a razão burra
só o leva ao equívoco, do qual o
salvará, invariavelmente, uma
sorte quase sem limites.
O mais interessante é que Sellers empreste a esse personagem francês uma arrogância
britânica. Dirigindo, Blake Edwards completa o quadro desta
comédia nos lembrando que é
de burlesco americano que se
trata.
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