São Paulo, quarta, 8 de julho de 1998

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DISCOS - LANÇAMENTOS
Skank lança "Siderado" e se sente solitário

Bob Wolfenson/Divulgação
Os integrantes do grupo mineiro Skank, cujo novo álbum, "Siderado", está sendo lançado com 500 mil cópias vendidas pela Sony


MARCELO NEGROMONTE
enviado especial ao Rio


"Me sinto só, me sinto só, me sinto tão seu/me sinto tão, me sinto só e sou teu." Trecho da música "Tão Seu", do álbum "O Samba Poconé" (96)

O lançamento do quarto álbum da banda mineira Skank, "Siderado", é acompanhado de um sentimento de "solidão", graças à grande notoriedade que a banda alcançou, principalmente depois do estouro da música "Garota Nacional", do penúltimo disco, "O Samba Poconé", que vendeu cerca de 1,8 milhão de cópias.
"Estamos nos sentindo meio sós no cenário musical brasileiro, porque o que fazemos não é pagode, não é axé, mas vende como tais", disse o vocalista Samuel Rosa, em entrevista coletiva, numa suíte presidencial em Ipanema.
"Somos classificados pelo que vendemos, não pelo que fazemos. E isso faz com que participemos de programas de TV com bandas de características diferentes das nossas, o que acaba nos afastando de pessoas com a mesma identidade musical que a nossa, como Barão Vermelho, Paralamas, Raimundos. Isso talvez tenha sido a pior coisa que nos aconteceu, nos afastar dos amigos."
Rosa afirma, porém, que a presença da banda em programas populares de TV não é demérito. "Acho legal ir ao "Faustão', ao programa da Xuxa. O Skank sempre foi pop para o povão. Se eles (o povão) gostam de axé e pagode, que bom que gostam também de Chico Amaral (principal compositor da banda)."
É o peso da fama que uma banda grande carrega: "O sucesso te deixa muito sozinho. Somos nós quatro e Deus", disse Rosa.
Se depender das vendagens de "Siderado", a companhia de Deus perdurará por mais algum tempo. O disco -o primeiro brasileiro mixado no estúdio Abbey Road, onde os Beatles gravavam- já sai com 500 mil cópias vendidas, e a gravadora espera vender 1 milhão até o final do ano.
"Siderado" é o primeiro álbum da banda cuja produção não fica sob responsabilidade de Dudu Marote -"não chegamos a um acordo sobre a concepção do álbum". No lugar, entraram Paul Ralphes (da banda Bliss, do hit dos 80 "I Hear You Call") e John Shaw (engenheiro de som da banda inglesa de reggae UB40).
"O Paul tem o ar tão novo quanto o Dudu tinha no começo", disse Rosa. "Pelo fato de os produtores serem ingleses, adicionou-se uma sonoridade diferente, que era o que buscávamos", afirmou Henrique Portugal, tecladista.
A diferença, no caso, era um desvencilhamento do rótulo "banda da "Garota Nacional'". Por isso, "Resposta", composta por Nando Reis, já bem executada nas rádios, foi a escolhida para ser a primeira a sair do disco. "Resposta' foi a melhor música para começar este trabalho, para frustrar de vez aqueles que esperavam uma "Garota Nacional 2'."
A música, segundo o vocalista, é diferente de tudo o que a banda já fez. "Skank precisava de uma música para ser tocada ao violão." Ou seja, o próximo álbum dos mineiros será acústico ou ao vivo, segundo aventou Rosa.
Previsto para ser lançado antes da Copa do Mundo, "Siderado" é lançado durante as semifinais. O "atraso" é creditado à maior dificuldade de produzir o disco. "Fazer discos para nós ainda é algo recente -este é nosso quarto álbum- e fizemos mais músicas neste do que nos álbuns anteriores, por isso não houve tempo de lançar antes da Copa."

O jornalista Marcelo Negromonte viajou a convite da gravadora Sony


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