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MÚSICA
Tom Jobim abre série dos 50 anos da bossa nova
Livro-CD que chega às bancas no domingo tem perfil biográfico e musical do artista
No sistema "leve dois, pague um", volume sobre Jobim será vendido junto com livro-CD sobre Dick Farney,
o segundo da Coleção Folha
DA REPORTAGEM LOCAL
Nenhum outro expoente da
música popular brasileira viu
suas canções serem gravadas e
interpretadas tantas vezes como ele, aqui e no exterior. Antonio Carlos Jobim (1927-1994) é o protagonista do primeiro volume da Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova, que
chega às bancas no próximo domingo, dia 10 de agosto.
Esse livro-CD inclui um perfil biográfico e musical do "papa da bossa nova", assinado pelo escritor e colunista da Folha
Ruy Castro. Será vendido no
sistema "leve dois e pague um"
junto com o segundo volume
da série, que é dedicado ao cantor e pianista Dick Farney.
Compositor, cantor, arranjador, pianista e violonista eventual, Tom Jobim é hoje uma
unanimidade mundial, graças à
popularidade e à alta qualidade
musical e poética de sua obra.
Sucessos internacionais, como
as canções "Águas de Março",
"Wave" e "Garota de Ipanema"
(parceria com Vinicius de Moraes), se destacam entre cerca
de duas centenas de preciosas
composições deixadas por ele.
A atualidade e o prestígio
dessa obra musical estão expressos em números reveladores: as faixas dos cerca de 20 álbuns que formam a discografia
oficial de Tom Jobim já foram
combinadas em mais de uma
centena de compilações lançadas no Brasil e no exterior. E
outras coletâneas certamente
chegarão ao mercado ainda.
"Garota de Ipanema", o
maior sucesso de Jobim, teria
hoje cerca de 300 gravações registradas nos mais diversos
cantos do mundo, em cálculos
oficiais. Mas é provável que esse número atinja o dobro, se forem computadas as versões
não-autorizadas.
Ironicamente, mesmo depois de se tornar, ainda na década de 60, um ícone da música
brasileira no cenário mundial,
Jobim chegou a ser tachado de
"americanizado" por alguns de
seus desafetos no Brasil. Essa
crítica se apoiava no fato de ele
ter feito vários discos nos Estados Unidos, onde era muito requisitado para gravações e concertos, nos anos 70 e 80.
No entanto, é preciso lembrar que naquela época as gravadoras brasileiras não demonstravam interesse em produzir novas gravações do
maestro da bossa nova. Havia
entre executivos do mercado
fonográfico do país quase um
consenso de que a música de
Jobim era sofisticada demais,
ou mesmo anticomercial. O
tempo provou que as gravadoras nacionais não souberam
avaliar o potencial dessa obra.
Pioneiro em vários aspectos,
Jobim já falava com freqüência
em ecologia, nos anos 60, muito antes que esse assunto se
tornasse dominante. "Toda a
minha obra é inspirada na mata atlântica", disse, certa vez, o
compositor de "Bôto", "Chovendo na Roseira" e "Correnteza". Seu grande interesse pela
flora e pela fauna dessa região
do Brasil o levou até a memorizar os nomes científicos de árvores, pássaros e peixes. Poderia até ter sido um botânico ou
um ornitólogo.
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