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Grupo 2000 e Oito relê a pintura nos dias atuais
Jovens artistas de SP expõem em coletiva que vai do convencional ao estranho
Obras tentam reafirmar o estilo de pintura no século 21, que é, em grande parte, baseado na tecnologia e na velocidade dessa época
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela liberdade de poder
"chutar cachorro morto", toda
geração de artistas volta à pintura quando o suporte tem sua
morte declarada -algo que costuma acontecer em ciclos na
história da arte.
Os nomes reunidos no chamado grupo 2000 e Oito, todos
jovens pintores paulistas com
obras expostas em coletiva em
cartaz no Sesc Pinheiros, tentam reafirmar a pintura no século 21, em grande parte à luz
da tecnologia e da velocidade.
Não parece muito original,
mas serve como possível introdução à mostra a obra de Marcos Brias, 27, que faz, numa tela, uma espécie de inventário
das técnicas contemporâneas
de pintura. "A pintura está em
crise hoje, mas é uma crise gostosa", diz Brias. "Talvez seja
mais legal trabalhar nesse momento porque tem a liberdade
de chutar cachorro morto."
E isso dá margem para algo
mais ousado. Regina Parra, 27,
mostra sete telas feitas a partir
de imagens capturadas por circuitos internos de televisão.
"Me interessava pegar algo superefêmero, descartável e trazer para a pintura a óleo, que
tem todo esse peso", diz Parra.
Entre as imagens que ganham corpo no óleo sobre tela,
está a visão furtiva do avião da
TAM pousando em Congonhas
momentos antes do acidente
que matou 199 pessoas. Também há cenas do caso Isabella
Nardoni e duas imagens em
que a própria artista aparece
flagrada pelas câmeras do prédio onde mora. "Todo mundo
vira suspeito, vira culpado."
E vira também forma ímpar,
estranha. Rodrigo Bivar, 26,
parte de fotografias para realizar a série "Moinho", duas meninas lado a lado. Vistas de baixo para cima em manchas de
tinta maciça, elas escondem o
rosto no alto do quadro e exibem os joelhos no meio da tela.
"É uma perna, mas é ao mesmo
tempo tronco, um negócio roliço, grande", descreve Bivar, que
abre outra mostra amanhã, no
Centro Cultural São Paulo. "É o
corpo como campo de ação."
Outro campo é o dos bichos
mortos sobre estampas xadrez.
Numa ironia pop com a tradição barroca e decorativa, Ana
Elisa Egreja, 24, pinta um pavão branco pendurado pelas
patas sobre um padrão geométrico alaranjado. "Eu gosto de
Ingres, Delacroix, Matisse", diz
Egreja. "Mas também tenho
uma coleção de tecidos de onde
eu tiro estampas."
Rodolpho Parigi, 31, esquece
a tradição, embora se encaixe
no lema volta à pintura dos
anos 80, e diz inventar um novo
tipo de figuração. Suas telas são
grandes manchas coloridas, de
tons artificiais e textura viscosa-brilhante. "Quando eu olho
uma cor na tela do computador,
vou buscar uma tinta que tenha
essa luz", diz Parigi. "É a vontade de fazer algo totalmente manual num mundo totalmente
tecnológico."
2000 E OITO
Quando: de ter. a sex., das 11h às
21h30; sáb. e dom., das 10h às
18h30; até 5/10
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme,
195, tel. 3095-9400; livre)
Quanto: entrada franca
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