São Paulo, sexta, 8 de agosto de 1997.



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Triângulo trágico marca 'Prisioneiro'

da Equipe de Articulistas

São mais de duas horas de agonia, angústia, desejos insatisfeitos e amores assexuados nesse filme alemão dos pés à cabeça: no tema, na linguagem, na paisagem, nos tipos bizarros, no ritmo arrastado de fazer cinema.
O tema é o poder da música sobre a personalidade e a vida de um gênio musical inato, Elias Alder, que vive em Eschberg, aldeia alpina mergulhada na lama, na pobreza, na ignorância e no fanatismo religioso do início do século 19.
A reconstituição de época -e a exuberância da fotografia- é, aliás, o que prende o espectador à poltrona.
São os dois méritos do diretor Joseph Vilsmaier, mais conhecido por "Stalingrado - A Batalha Final", exibido aqui em 1995. Vilsmaier acumulou a direção de fotografia neste "Prisioneiro do Amor".
No que depender do enredo, porém, a poltrona está sujeita a inteiros lapsos de desatenção. É confusa e longa demais a história de Alder (Andre Eisermann), cujo talento para a música advém de uma aguda percepção auditiva para os sons da natureza, da água e das entranhas da terra em especial.
Isolado pela família e pela comunidade por ser filho bastardo do padre do lugar, Elias Alder cresce na solidão, invejado e odiado, tendo por única companhia a música, o órgão da igreja e o amor de Peter (Ben Becker), seu melhor amigo.
Na adolescência, Elias se apaixona por Elsbeth (Dana Vavrova), irmã de Peter que, por sua vez, se revela homossexual obcecadamente apaixonado por Elias.
Esse triângulo trágico, interpretado com impressionante força por Eisermann e melhor ainda por Becker, é a prisão de Elias, que, mesmo tendo seu talento descoberto por um maestro de fora do lugar, afasta-se da música para morrer de seu imorredouro e frustrado amor por Elsbeth.
(MARILENE FELINTO)

Filme: Prisioneiro do Amor Produção: Alemanha, 1995 Direção: Joseph Vilsmaier Com: Andre Eisermann, Dana Vavrova, Ben Becker Quando: a partir de hoje, no cine Belas Artes - sala Oscar Niemeyer


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