São Paulo, terça, 8 de setembro de 1998

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Jim Rose
o insano
o bizarro
o insólito

Divulgação
Rose (à dir.) e o elenco do circo que trará ao Brasil em dezembro, sem datas a locais definidos



Chega ao Brasil em dezembro o circo mais esquisito do planeta; em entrevista exclusiva, o líder do show de horrores conta o que trará ao país



LEANDRO FORTINO
da Reportagem Local

"Queremos juntar os "greatest hits' da insanidade." É o objetivo do americano excêntrico Jim Rose, 45, que nos últimos dez anos tem rodado o mundo com o seu "Jim Rose Sideshow Circus".
Ele e sua turma desembarcam no Brasil em dezembro para algumas apresentações em São Paulo e no Rio, sem datas e locais definidos.
Em entrevista exclusiva à Folha, Rose, uma das figuras mais pops do showbiz americano, falou sobre a sua participação no seriado "Arquivo X" e sobre o que pretende mostrar no Brasil: mulheres lutadoras de sumô, homens levantando objetos pesados com diferentes partes do corpo e travestis lutadores mexicanos, por exemplo.
"Não nos levamos a sério, portanto ninguém deveria nos levar", explica Rose.

Folha - Você está sentado em uma cadeira de pregos?
Jim Rose -
(Risos) Não, eu estou de pé sobre brasas.
Folha - Como serão as apresentações no Brasil?
Rose -
Tentamos fazer cada show diferente. Mudamos muito o show porque há muitas coisas diferentes que sabemos fazer e muitas vezes as pessoas voltam e não querem ver a mesma coisa. Como nunca estive na América do Sul, vou tentar levar um show do tipo "greatest hits" dos nossos dez anos.
Folha - Há um momento em que o engolidor de espadas inspira pelo nariz uma mistura nojenta e depois a regurgita. Você trará isso?
Rose -
Nós sempre fazemos essa apresentação, mas depende de como as pessoas reagem. Mudamos a apresentação de acordo com a platéia. Meu objetivo é mostrar coisas mais visuais. Hoje, em meu show, há muita comédia, mas no Brasil será uma comédia visual.
Folha - Como você começou?
Rose -
Comecei ao lado de minha mulher, a Bébé. Ela é francesa e vem de uma família de artistas de circo. Eu a conheci há 12 anos em um dos meus shows, em Washington. Ela me contou coisas que poderia fazer. Pensei: "Uau!".
Folha - Por que você teve a idéia de fazer um show assim?
Rose -
Nasci no Oregon, mas cresci em Phoenix, no Arizona. Quando era criança, trabalhava como vendedor de refrigerantes e tive a oportunidade de assistir a peças de teatro, shows de aberrações, circo tradicional, caminhões- monstro, luta livre profissional... Essas coisas entraram em mim e desapareceram por 20 anos.
Folha - Alguém já se machucou?
Rose -
Claro que sim, mas fazemos 250 shows por ano e tivemos um ou dois acidentes, menos do que qualquer balé.
Folha - Você já recusou alguém?
Rose -
Não gosto de mutilação, não gosto de sangue e não gosto de pessoas que correm riscos desnecessários. Estive recentemente na África do Sul, onde havia um cara que ficava com os olhos abertos enquanto as pessoas jogavam coisas neles. Se ele usasse alguma lente de contato protetora poderia fazer a apresentação em meu show, mas ele não usava, não respeitava o seu corpo. Eu coloco meu rosto sobre vidros quebrados e peço para as pessoas subirem em minha cabeça. Se eu sair sangrando, não serei diferente de você.
Folha - Você acha que hoje é difícil ser bizarro, já que tantas pessoas usam piercings e tatuagens?
Rose -
Nós começamos isso há dez anos, mas não nos importamos com a modificação corporal. Todos são bem-vindos, mas esse tipo de coisa não é o que vale. Nosso show é divertido por causa das atrações circenses.
Folha - Como você aprendeu a fazer esses truques?
Rose -
Com muitas das pessoas com quem trabalho, como a Bébé, que solta fogo pela vagina. Ela aprendeu com sua mãe. Há segredos de família que são passados. Há pessoas que sabem fazer truques mas não têm ninguém em suas famílias para quem passar as habilidades, ou então ninguém quer continuar a fazê-los. Procuro por esse tipo de informação.
Folha - Como aconteceu a participação no episódio de "Arquivo X"?
Rose -
Eles conseguiram uma cópia de meu vídeo e me convidaram. Há três meses encontrei-me novamente com David (Duchovny), Gillian (Anderson) e Chris (Carter), e planejamos um novo episódio. Também participei do episódio de "Os Simpsons", em que o Homer vai a um festival para ser o homem que segura uma bola de canhão com a barriga.



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