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OFICINA DE RAP
Rapper coordena workshop com presos
X, do Câmbio Negro, "vai para a cadeia"
RODRIGO DIONISIO
da Redação
Desde a terça-feira da semana passada, o vocalista do grupo de rap Câmbio Negro, X, está desenvolvendo um workshop de criação musical com 15
detentos do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal.
O trabalho faz parte do projeto "Fala Interno", realização
conjunta da direção do presídio e da UnB (Universidade de
Brasília). Além da oficina comandada por X, estão sendo
realizadas outras de dramaturgia, poesia, samba, narrativa e
vídeo, todas com a participação de 15 detentos cada.
Esse workshops irão durar 21
dias, com a possibilidade de serem feitos com outros detentos
após uma avaliação de resultados. A seguir, leia trechos da
entrevista que X deu à Folha
sobre o trabalho no Papuda.
A PRIMEIRA SEMANA - "Eu não
imaginei que fosse encontrar
um grupo tão avançado. Os caras que se inscreveram na minha
oficina fazem parte de três grupo de rap do Papuda e já têm até
letras escritas. O único que não
tinha muita noção do ritmo é um
detento que era bombeiro e que
fica numa ala separada, para ex-militares. Mas mesmo ele já escreveu sua primeira letra.
"Meu trabalho acaba sendo
dar alguns toques, corrigir erros
de português e, agora, estou
querendo viabilizar a gravação
de um CD com os caras. A idéia é
mostrar para eles todo o processo de criação, o lado de mercado
da música e deixar claro que essa
é uma alternativa viável de ganhar dinheiro aqui fora."
ATITUDE - "O discurso do rapper é lindo, é bacana, é legal,
mas a gente precisa de atitude.
Não adianta só ficar reclamando
do sistema, tem de fazer alguma
coisa para mudar a situação.
Os caras aqui me dizem que,
quando saírem da detenção, vão
acabar roubando e matando de
novo porque, já que quem está
lá fora não tem emprego, eles
que são ex-presidiários não vão
conseguir trabalho em lugar nenhum. Eu tento dar uma outra
expectativa para eles.
"Além disso, aqui mesmo na
cadeia, enquanto o cara está ouvindo as fitas que eu passo, está
escrevendo uma letra, não está
pensando em acertar o detento
que olhou torto para ele ou planejando uma fuga. Esse trabalho
melhora a vida na própria penitenciária ao acabar com o ócio."
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