São Paulo, Quarta-feira, 08 de Setembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA
Está definida a lista de filmes brasileiros que podem concorrer ao Oscar 2000; comissão vai escolher candidato
TV redescobre a produção nacional

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília

Começa hoje, às 22h30, na rede de TV Educativa (incluindo a TV Cultura, em São Paulo) o projeto "Redescoberta do Cinema Nacional", que pretende obter audiência de 6 a 8 milhões de pessoas por semana até dezembro com uma programação de filmes sobre a sociedade brasileira.
A ponta-de-lança do projeto é a rede da TV Escola, do Ministério da Educação, que pela primeira vez será utilizada para a transmissão de programas de conteúdo cultural, não pedagógico.
A rede, de circuito fechado e com sinal fornecido pela Radiobrás, atinge 52 mil escolas que atendem populações de baixa renda em todo o Brasil.
Desde o último sábado, em três horários, essas escolas estão abertas a estudantes, professores e seus familiares e amigos para que eles possam assistir aos filmes selecionados.
José Álvaro Moisés, secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, diz que o objetivo é ampliar o acesso de parte da população que não costuma ver cinema à produção nacional no setor.
"Estamos formando público para o cinema e, ao mesmo tempo, ajudando as pessoas a refletirem mais sobre o país", afirma.
Moisés quer que estes quatro meses funcionem como protótipo. Se a experiência der certo, ela poderá ser estendida para o ano que vem e se tornar permanente.
Além da rede pública e da TV Escola, os filmes da série serão mostrados pelo Canal Brasil (de TV por assinatura) nos domingos às 17h30. Eles também serão mostrados em praças públicas de cidades de 14 Estados dentro do projeto Cine Mambembe e, por circuito fechado com sinal da Embratel, a líderes comunitários de 17 capitais de Estados.
Entre os filmes programados estão: "Descobrimento do Brasil" (de Humberto Mauro), "Os Inconfidentes" (de Joaquim Pedro de Andrade), "Terra dos Índios" (de Zelito Viana), "Xica da Silva" (de Cacá Diegues), "A Revolução de 1930" (de Eduardo Escorel"), "O Pagador de Promessas" (de Anselmo Duarte), "Pixote, a Lei do Mais Fraco" (de Hector Babenco), "Pra Frente Brasil" (de Roberto Farias) e "Como Nascem os Anjos" (de Murilo Salles).
Segundo Moisés, o custo do projeto "Redescoberta do Cinema Nacional" é zero: todos os artistas abriram mão de seus direitos autorais e nenhum recurso novo foi exigido para sua realização.
Outra novidade na área de cinema foi a escolha dos integrantes da comissão que escolherá o filme que vai representar o Brasil na próxima edição do Oscar.
Caberá a Walter Salles Júnior, Luiz Carlos Barreto, Tizuka Yamazaki, Jorge Peregrino e Luís Zanin decidir qual filme lançado entre 1º de outubro de 1998 e 31 de outubro de 1999 terá a chance de ir a Los Angeles em 2000 (veja a relação nesta página).
Outra comissão que vai ser empossada na semana que vem no Ministério da Cultura é a que vai acompanhar a política do governo para o setor audiovisual.
A Comissão de Cinema foi formada após consulta a entidades representativas do setor que indicaram seus integrantes.
Serão três produtores (Luís Carlos Barreto, Marisa Leão e Aníbal Massaini Neto), dois diretores (José Jofilly e Augusto Sevá), dois exibidores (Ugo Mário Augusto Sorrentino e Alexandre Adamiu), um documentarista (Leopoldo Nunes) e um representante da área de TV (Evandro do Carmo Guimarães). Os representantes das áreas de curta-metragem e home vídeo ainda não foram indicados pelas entidades.
Essa comissão substitui outra, provisória, que trabalhou no ano passado e definiu três prioridades para o setor: retomada do investimento público no cinema, criação de programas de financiamento para a comercialização de filmes e disciplinamento da Lei do Audiovisual.
Moisés afirma ter cumprido os três pedidos da comissão. O programa "Mais Cinema", com recursos do BNDES, acaba de ganhar seu primeiro cliente: o cineasta Zelito Viana, que vai receber cerca de R$ 820 mil para finalizar e comercializar seu filme sobre Villa-Lobos.
A captação de recursos para cinema, que teve seu ponto alto em 1997 (R$ 112 milhões), não deverá crescer muito este ano em relação a 1998 (quando ficou em R$ 70 milhões). Até 31 de agosto de 1999, a captação para cinema este ano estava em R$ 11,4 milhões.
Por isso a importância de financiamentos diretos do Estado, embora Moisés argumente que tem sido habitual a baixa captação até o último trimestre de cada ano e posterior alavancagem.
Mesmo assim, a produção de filmes brasileiros em 1999 aumentou em relação a 1998: 31 filmes serão lançados este ano; 23 o foram no ano passado.


Texto Anterior: Nazismo: Bergman se decepcionou com Hitler
Próximo Texto: Marcelo Coelho: A sem-jeitice de Drummond em surtos elétricos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.