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CINEMA
Está definida a lista de filmes brasileiros que podem concorrer ao Oscar 2000; comissão vai escolher candidato
TV redescobre a produção nacional
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
Começa hoje, às 22h30, na rede
de TV Educativa (incluindo a TV
Cultura, em São Paulo) o projeto
"Redescoberta do Cinema Nacional", que pretende obter audiência de 6 a 8 milhões de pessoas por
semana até dezembro com uma
programação de filmes sobre a
sociedade brasileira.
A ponta-de-lança do projeto é a
rede da TV Escola, do Ministério
da Educação, que pela primeira
vez será utilizada para a transmissão de programas de conteúdo
cultural, não pedagógico.
A rede, de circuito fechado e
com sinal fornecido pela Radiobrás, atinge 52 mil escolas que
atendem populações de baixa
renda em todo o Brasil.
Desde o último sábado, em três
horários, essas escolas estão abertas a estudantes, professores e
seus familiares e amigos para que
eles possam assistir aos filmes selecionados.
José Álvaro Moisés, secretário
do Audiovisual do Ministério da
Cultura, diz que o objetivo é ampliar o acesso de parte da população que não costuma ver cinema à
produção nacional no setor.
"Estamos formando público
para o cinema e, ao mesmo tempo, ajudando as pessoas a refletirem mais sobre o país", afirma.
Moisés quer que estes quatro
meses funcionem como protótipo. Se a experiência der certo, ela
poderá ser estendida para o ano
que vem e se tornar permanente.
Além da rede pública e da TV
Escola, os filmes da série serão
mostrados pelo Canal Brasil (de
TV por assinatura) nos domingos
às 17h30. Eles também serão mostrados em praças públicas de cidades de 14 Estados dentro do
projeto Cine Mambembe e, por
circuito fechado com sinal da Embratel, a líderes comunitários de
17 capitais de Estados.
Entre os filmes programados estão: "Descobrimento do Brasil"
(de Humberto Mauro), "Os Inconfidentes" (de Joaquim Pedro
de Andrade), "Terra dos Índios"
(de Zelito Viana), "Xica da Silva"
(de Cacá Diegues), "A Revolução
de 1930" (de Eduardo Escorel"),
"O Pagador de Promessas" (de
Anselmo Duarte), "Pixote, a Lei
do Mais Fraco" (de Hector Babenco), "Pra Frente Brasil" (de
Roberto Farias) e "Como Nascem
os Anjos" (de Murilo Salles).
Segundo Moisés, o custo do
projeto "Redescoberta do Cinema Nacional" é zero: todos os artistas abriram mão de seus direitos autorais e nenhum recurso
novo foi exigido para sua realização.
Outra novidade na área de cinema foi a escolha dos integrantes
da comissão que escolherá o filme
que vai representar o Brasil na
próxima edição do Oscar.
Caberá a Walter Salles Júnior,
Luiz Carlos Barreto, Tizuka Yamazaki, Jorge Peregrino e Luís
Zanin decidir qual filme lançado
entre 1º de outubro de 1998 e 31 de
outubro de 1999 terá a chance de
ir a Los Angeles em 2000 (veja a
relação nesta página).
Outra comissão que vai ser empossada na semana que vem no
Ministério da Cultura é a que vai
acompanhar a política do governo para o setor audiovisual.
A Comissão de Cinema foi formada após consulta a entidades
representativas do setor que indicaram seus integrantes.
Serão três produtores (Luís Carlos Barreto, Marisa Leão e Aníbal
Massaini Neto), dois diretores
(José Jofilly e Augusto Sevá), dois
exibidores (Ugo Mário Augusto
Sorrentino e Alexandre Adamiu),
um documentarista (Leopoldo
Nunes) e um representante da
área de TV (Evandro do Carmo
Guimarães). Os representantes
das áreas de curta-metragem e
home vídeo ainda não foram indicados pelas entidades.
Essa comissão substitui outra,
provisória, que trabalhou no ano
passado e definiu três prioridades
para o setor: retomada do investimento público no cinema, criação
de programas de financiamento
para a comercialização de filmes e
disciplinamento da Lei do Audiovisual.
Moisés afirma ter cumprido os
três pedidos da comissão. O programa "Mais Cinema", com recursos do BNDES, acaba de ganhar seu primeiro cliente: o cineasta Zelito Viana, que vai receber cerca de R$ 820 mil para finalizar e comercializar seu filme sobre Villa-Lobos.
A captação de recursos para cinema, que teve seu ponto alto em
1997 (R$ 112 milhões), não deverá
crescer muito este ano em relação
a 1998 (quando ficou em R$ 70
milhões). Até 31 de agosto de
1999, a captação para cinema este
ano estava em R$ 11,4 milhões.
Por isso a importância de financiamentos diretos do Estado, embora Moisés argumente que tem
sido habitual a baixa captação até
o último trimestre de cada ano e
posterior alavancagem.
Mesmo assim, a produção de
filmes brasileiros em 1999 aumentou em relação a 1998: 31 filmes
serão lançados este ano; 23 o foram no ano passado.
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