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Leo foi ilustrador contundente
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
Leonilson bateu uma bola legal
comigo durante os primórdios da
coluna "Talk of the Town", assinada por mim e ilustrada por ele.
Formávamos um ataque quase tão
afinado quanto a dupla Ronaldinho e Romário.
Meu amigo José Leonilson não se
atinha apenas à tarefa de "ornamentar" a coluna. Fazia questão de
dar seu recado, sempre contundente, sobre qualquer assunto que
eu abordasse.
Quando a Folha me incumbiu da
tarefa de escrever a "Talk of the
Town", uma coluna sacudida, em
que eu fazia uma crônica de costumes com sotaque bem paulistano,
saí à cata de um ilustrador.
Leo foi o primeiro nome que me
veio à cabeça. Mesmo porque, naquele tempo, era o único artista
plástico que eu conhecia com alguma intimidade.
Conhecemo-nos por acaso, no
restaurante judaico Z-Deli, onde
ele almoçava. Trocamos poucas
palavras, e, no dia seguinte, sem
mais nem menos, ele me enviou o
desenho de um piano, que hoje habita a parede do meu escritório.
Quando pensei em Leonilson para ilustrar a coluna, ele já tinha galgado os degraus da fama. Era um
dos expoentes da hoje prestigiosa
Geração 80, e eu não tinha certeza
de que ele toparia fazer ilustrações
encomendadas, muito menos para
uma colunista trelelé, como esta
que vos escreve.
Fui, pisando em ovos, até a galeria de Luisa Strina, marchande do
artista à época, sondar as minhas
possiblidades.
Apenas depois de obter todas as
garantias de que o arretado amigo,
famoso por ser um osso de tiranossauro duro de roer, não iria
pular rosnando na minha jugular,
convidei Leonilson para ser meu
ilustrador.
E só tive de esperar pela publicação de duas ou três colunas para
me dar conta de que tinha acertado
na mosca. Valeu, Leo!
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