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Indústria paparazzi no Brasil é mais "modesta"
Flagras rendem até R$ 1 milhão no mundo; no país, valem cerca de R$ 8.000
Fotógrafos brasileiros só passaram a ser escalados para seguir celebridades há cinco anos; Chico Buarque e Luma foram "vítimas"
DA REPORTAGEM LOCAL
Se na Espanha a poderosa indústria das fofocas (chamada
"prensa del corazón") pode
sustentar centenas de fotógrafos à espreita de celebridades
nas praias, a espionagem no
Brasil ainda é mais modesta.
"As celebridades que freqüentam essas praias são conhecidas no mundo inteiro.
Um flagra de traição de um personagem famoso pode custar
US$ 1 milhão internacionalmente", conta Marcelo Liso,
paparazzo da revista "Quem",
que há três anos trabalha só
com flagras de famosos.
Ele clicou as fotos de Paris
Hilton depois de um pit-stop
no banheiro de um posto de gasolina em São Paulo e fez as
imagens aéreas do casamento
de Athina Onassis e Doda Miranda, tiradas de helicóptero. O
ator Murilo Benício já atirou
garrafinhas de água no fotógrafo, que também foi agredido
por seguranças de Doda.
O boom da indústria paparazzi no Brasil tem apenas cinco anos, quando fotógrafos começaram a ser escalados para
cuidar exclusivamente de "flagras" em celebridades. Uma reportagem completa, com fotos,
identidades dos casos amorosos e histórias picantes, pode
ser vendida por até R$ 8.000 a
publicações especializadas.
Para Liso, Cicarelli não terá
sucesso em seus processos.
"Meu advogado diz que invasão
de privacidade é de foto em sacada de prédio, piscina de casa,
não na praia."
O fotógrafo free-lancer Gustavo Scatena, que trabalha para
a revista "Caras", acha que em
São Paulo o trabalho ainda é
mais difícil. "Em uma cidade
verticalizada, onde as pessoas
saem da garagem para outro lugar fechado, sempre de carro,
flagrar é difícil", reclama. Informação sobre as estrelas -em
que lugar vão jantar, com quem
estão namorando, em que hotel
se hospedam- é tudo.
Apesar das dificuldades e da
história breve, a indústria paparazzi nacional já tem seus
feitos. Chico Buarque teve seu
"momento Cicarelli", enquanto namorava uma mulher casada na praia do Leblon. Um suposto namorado de Luma de
Oliveira agrediu um paparazzo
ao ser descoberto com a modelo. O boxeador aposentado
Myke Tyson bateu na cabeça de
um cinegrafista do SBT no ano
passado enquanto se divertia
em uma boate paulistana.
Realeza ociosa
Os quatro minutos e meio de
amor de Cicarelli fazem parte
da engrenagem da poderosa e
milionária indústria "del corazón" na Espanha. Lá, existem
sete revistas semanais de fofocas e fotos de celebridades.
Juntas, vendem 3 milhões de
exemplares -em um país de 44
milhões de habitantes.
Na TV espanhola, o mexerico
é onipresente. Há 25 programas dedicados à vida dos famosos, cheios de perseguições em
aeroportos a celebridades munidas de óculos escuros e com o
"nada a declarar" nos lábios.
O canal Tele 5, que pertence a
Silvio Berlusconi, ex-premiê da
Itália, tem 30% da programação dedicada ao que os espanhóis chamam de "telebasura"
(TV lixo). Cenários dos programas e penteados e maquiagem
dos apresentadores denunciam
que Almodóvar tem à mão uma
fonte inesgotável de inspiração
kitsch.
Em ascensão desde os anos
60, com o retorno da família
real espanhola ao país, ela se
alimentava da nobreza ociosa,
misteriosa e com uma vida de
luxo e glamour para os plebeus.
No Reino Unido, a princesa
Diana foi considerada vítima,
mas sedenta pelos flashes. Mas
só a nobreza não faz negócio.
"Nos últimos anos, até namoradas de ex-participantes do
"Big Brother" merecem capas. É
um lixo", diz o crítico de TV José Javier Esparza.
A realeza americana, Hollywood, alimenta a "People", revista que vende 3 milhões de
exemplares semanais. O atual
casal coroado dessa realeza,
Brad Pitt e Angelina Jolie, vendeu fotos da filha, Shiloh Nouvel, por US$ 4 milhões. Doados
a ações humanitárias.
(RJL)
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