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Série leva jovens para "esquentar" o público
Na Piano Solo, novos talentos abrem a apresentação de artistas consagrados
"É uma responsabilidade grande", diz pianista de 19 anos que tocará antes de Nelson Freire; idealizador usou modelo do circuito pop
Caio Guatelli/Folha Imagem
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Ao centro, o pianista Eduardo Monteiro, idealizador da série |
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Idealizada por Eduardo
Monteiro, titular da cadeira de
seu instrumento na USP, a série Piano Solo promove recitais
de quatro artistas brasileiros do
teclado de destaque. Aberta por
Nelson Freire e fechada pelo
próprio Monteiro, a iniciativa
traz ainda recitais das pianistas
Diana Kacso e Cristina Ortiz.
Kacso, radicada nos EUA há
mais de três décadas, está retomando a carreira neste ano e
toca Liszt e Schumann, enquanto Ortiz, residente em
Londres, possui sólida carreira
discográfica e apresenta obras
de Ravel e Rachmaninov.
Com relação a outras séries
de concerto, o diferencial de
Piano Solo é que cada apresentação será aberta por uma breve performance de um jovem
pianista, aluno de Monteiro.
"O modelo em que eu pensei
foi o do circuito pop, em que
uma banda mais jovem "esquenta" o público para a atração
principal da noite", diz o diretor artístico da série.
"Talentos existem inúmeros,
mas a gente vê o tempo todo
eles serem desperdiçados",
afirma. "Acho muito generoso
os pianistas já consagrados
consentirem em dividir seu público com os meninos."
Nelson Freire lembra iniciativa semelhante de Martha Argerich. "Ela faz uma coisa parecida: organiza festivais misturando jovens talentos e nomes
consagrados, e funciona muito
bem", conta ele, tomando como
modelo a pianista argentina
com a qual se apresenta com
regularidade.
Embora não dê aulas constantes, o pianista mineiro recebe e aconselha costumeiramente talentos emergentes.
"Não acredito muito em "master class". O contato pessoal e
mais íntimo é muito mais construtivo para se comunicar."
Seus recitais em São Paulo
serão abertos por Leonardo
Hilsdorf, pianista paulistano de
19 anos, dotado de um estilo expansivo e brilhante, com impressionante desenvoltura técnica. Um garoto que gosta de videogames e assiste a concertos
na Sala São Paulo calçando chinelos de dedo, Hilsdorf toca
duas das "Peças Líricas" do norueguês Edvard Grieg, bem como a exigente "Rapsódia Espanhola", de Liszt.
"Lugares para tocar em São
Paulo a gente até encontra, mas
a chance de estar no Teatro
Municipal não aparece todo
dia", diz Hilsdorf. "Foi muito
impactante para mim o documentário de João Moreira Salles sobre Nelson Freire, e me
apresentar antes dele é, ao
mesmo tempo, uma honra e
uma grande responsabilidade."
As outras revelações são
Cristian Budu, paulistano descendente de romenos que, em
novembro, se apresenta na terra de seus antepassados; Érika
Ribeiro, que já tocou com a Orquestra Sinfônica Brasileira; e
Juliana D'Agostini, de dedos
ágeis e visual de top model.
Piano Solo deve continuar no
ano que vem, abrindo o leque
para pianistas estrangeiros e
dando preferência a artistas
que não estiveram no Brasil
-sempre com apresentações
abertas por nomes emergentes
do instrumento.
(IFP)
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