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cinema
Burman mira amor e conflitos fraternos
Sétimo longa do premiado cineasta argentino estreia hoje em São Paulo
Filme é adaptação do romance "Villa Laura", de Sergio Dubcovsky, e se passa na Argentina
e no Uruguai
SYLVIA COLOMBO
EDITORA DA ILUSTRADA
Para o cineasta Daniel Burman, 37, o único assunto que
existe é a família.
O argentino retratou a convivência de um jovem com o
pai ("Esperando o Messias",
2000), de outro com a mãe
("O Abraço Partido", 2004), a
de um homem, no início da
fase adulta, com mulher e filho ("Leis de Família", 2006)
e a de um casal maduro ("O
Ninho Vazio", 2008).
Agora, é na relação entre
dois irmãos -bem mais velhos, solteiros e órfãos- que
Burman se debruça.
O sétimo filme do diretor,
que estreia hoje, transita entre o melodrama e a comédia
ao contar a história de Marcos (Antonio Gasalla) e Rosana (Graciela Borges).
Ele tem 64 anos, é homossexual e passou a vida cuidando da mãe. Ela é dez anos
mais jovem, vaidosa, controladora, vive de cambalachos.
Depois da morte da mãe,
Susana tira Marcos do antigo
apartamento da família e o
força a viver no povoado de
Villa Laura, no Uruguai, à
beira do Prata. Com poucas
opções, ele passa a integrar
um grupo de teatro que está
encenando, muito sugestivamente, "Édipo Rei".
ORFANDADE
"Dois Irmãos" é baseado
no livro "Villa Laura", de Sergio Dubcovsky. "Quando o li,
me apaixonei por esses personagens, pois estava me interessando pelos temas do
amor fraterno e da orfandade", conta Burman.
O novo momento expõe os
embates que Marcos e Susana tiveram durante a infância e a adolescência e as diferenças dos costumes atuais.
"Na vida, um carregou
sentimentos conflitivos em
relação ao outro, ao mesmo
tempo, eles vivem em uma
dependência afetiva muito
forte. Esses sentimentos chegam num ponto extremo
após a morte da mãe."
Para os papéis principais,
Burman chamou atores experientes, mas de origens diferentes. Gasalla é um humorista de teatro e Borges é uma
veterana do cinema. "Cada
um é grande à sua maneira,
não foi fácil conduzí-los."
Há muitas discussões e
poucos momentos de ternura, a maioria sobre pequenos
aspectos do cotidiano. "Os
diálogos do dia a dia são uma
tela em que se expõem o
quanto há de afeto ou de rancor numa relação. Observar
esses hábitos de relacionamento é meu modo de olhar o
mundo e tentar entender as
pessoas", conclui.
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