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cinema
Filme foca mercado de entretenimento para a família
"Eu e Meu Guarda-Chuva" sinaliza movimento dos produtores nacionais em direção ao público historicamente abandonado
DA ENVIADA A PAULÍNIA
O histórico é de abandono.
Mas o momento é de aproximação. Deixadas no colo de
Hollywood durante décadas,
as crianças passaram, agora,
a despertar o interesse dos
realizadores nacionais.
Conscientes de que, hoje,
nada dá tanto retorno financeiro no cinema quanto os
produtos que cabem no escaninho da Pixar, etiquetado
como "entretenimento para
a família", produtores antes
refratários aos títulos infantis
e infantojuvenis, resolveram
pisar nesse terreno.
"Eu e Meu Guarda-Chuva", produzido e lançado pela Fox, é uma das tentativas
de ocupar um espaço considerado, a um só tempo, estratégico e arriscado.
"A gente aprende a gostar
de cinema quando criança. E
as crianças não têm filmes
brasileiros para ver", diz Toni
Vanzolini, diretor de "Eu e
meu Guarda-Chuva".
De acordo com o próprio
Vanzolini, apenas 2% da produção nacional da última década voltou-se para as crianças. "São números preocupantes. Mas o que vai mudar
essa situação é a existência
de mais e melhores filmes."
ESTÉTICA POTTER
Baseado no livro homônimo escrito a quatro mãos pelo "titã" Branco Mello e por
Hugo Possolo, o filme foi
pensado de maneira a agradar aos olhos habituados à
estética do "Harry Potter".
Quis, no entanto, trazer comportamentos e diálogos que
soassem a Brasil.
"Procurei fazer algo que tivesse ação e aventura e jogasse com a imaginação das
crianças", diz o diretor, que
deixou o roteiro aos cuidados
de Adriana Falcão, Marcelo
Gonçalves e Bernardo Guilherme. Estreante na direção,
Vanzolini havia trabalhado,
até aqui, como diretor de arte
de longas-metragens como
"Eu Tu Eles" (2000) e "O Homem do Ano" (2003).
Exibido pela primeira vez
durante o Festival de Paulínia, em julho deste ano, "Eu
e Meu Guarda-Chuva" divertiu as crianças presentes à
sessão. As dificuldades na
escola, o primeiro e secreto
amor e a mania detetivesca
comum a tantos meninos são
tratados a partir de um registro fantástico.
Vanzolini usou e abusou
dos efeitos especiais. Não
quis, porém, reproduzir padrões televisivos, afastando-se, assim, da linhagem "Xuxa" e "Trapalhões" que dominou a produção infantil
nacional durante muito tempo.
(ANA PAULA SOUSA)
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