São Paulo, terça-feira, 08 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LITERATURA

Livro de 2001, segundo do autor de "O Código da Vinci", enfatiza questões tecnológicas e políticas no Pólo Norte

"Ponto de Impacto" lapida idéias de Brown

ALEXANDRE MATIAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

E lá vamos nós: instâncias semidesconhecidas de instituições famosas, bastidores de altos níveis do poder global, um segredo que pode abalar o rumo da história, uma série de assassinatos frios e cruéis, especialistas em áreas específicas do conhecimento humano e mercenários fiéis e obstinados, tudo em ritmo de cinema de aventura de primeira linha. É isso aí: tem Dan Brown novo na área.
"Novo", não. Ainda não é hora de falar de "The Solomon Key", possivelmente o livro mais aguardado da história, prometido para 2006. A seqüência para o fenômeno editorial "O Código Da Vinci" nem sequer tem data marcada -abandonada, pelo autor, após o excesso de pressão da expectativa-, mas todos os envolvidos no sucesso do livro cruzam os dedos para o lançamento chegar no ano que vem, quando estréia a versão cinematográfica do livro, dirigida por Ron Howard e com Tom Hanks, Audrey Tautou, Ian McKellen, Alfred Molina e Jean Reno no elenco.
O livro da vez chama-se "Ponto de Impacto" e é o segundo do autor, chegando ao Brasil para finalmente completar a bibliografia de Brown por aqui. Desta vez os ingredientes incluem um oceanógrafo, uma glaciologista, um administrador da Nasa, uma especialista em segurança, adversários políticos brigando pela Casa Branca e suas assistentes, uma descoberta no Círculo Polar Ártico, megainvestidores, nanorrobôs e um comunicado urgente do governo dos EUA para o planeta.
Com mais personagens do que cenários díspares -uma geleira no Ártico, o Air Force One, a sala dos mapas da Casa Branca, o apartamento de um candidato à presidência-, "Ponto" tem o ritmo que Brown consagraria em "Da Vinci", embora diluído em conhecimento mais tecnocientífico e político militar do que histórico (aparentando um Tom Clancy com algum senso de humor), e ainda mais ações paralelas que as de seus livros mais vendidos. No volume lançado originalmente em 2001, o autor ainda lapida algumas idéias que concluiriam na criação do personagem Robert Langdon, um Indiana Jones da meia-idade que concentra boa parte da ação dos romances a partir de seu livro seguinte, "Anjos e Demônios", anterior ao fenômeno "O Código Da Vinci".
"Da Vinci" é o tal best-seller em que o casamento de Jesus Cristo com Maria Madalena teria sido encoberto pela Igreja Católica para distorcer os ensinamentos cristãos originais, segredo que o pintor Leonardo Da Vinci, integrante de uma sociedade secreta chamada Priorado de Sião (que ainda incluiria outras celebridades históricas, como Victor Hugo, Isaac Newton e Jean Renoir), passou em forma de código em suas principais pinturas, entre elas "A Última Ceia" e a "Mona Lisa". Referir-se ao "Código" como "tal" chega a menosprezar sua força: são cerca de 39 milhões de livros vendidos em todo o planeta e traduzido em mais de 40 idiomas (sendo a tradução para o árabe uma das atrações da última Feira de Frankfurt), feito só comparável aos livros de J.K. Rowling, a autora da série Harry Potter.
"Só a edição ilustrada do "Código" vendeu 2 milhões de livros em todo o mundo", conta Marcos Pereira, um dos editores da Sextante, que lança os livros de Brown por aqui. "Anjos e Demônios" vendeu 17 milhões, enquanto "Fortaleza" e "Ponto" tiveram outros 7 milhões de livros vendidos, segundo o editor. No Brasil, os números não deixam de impressionar: 930 mil livros vendidos de "O Código"; 345 mil de "Anjos", 180 mil de "Fortaleza" e 52 mil da versão ilustrada de "Da Vinci". "Ponto de Impacto" sai com boa expectativa: "Temos uma pré-venda que nos fez imprimir 160 mil exemplares", diz Pereira, "mas até o final do ano queremos imprimir mais 100 mil". A edição ilustrada de "Anjos e Demônios" também acabou de ser lançada, na semana passada.
O lançamento de "Ponto" no Brasil vem coincidir com a saída do "Código Da Vinci" da lista dos mais vendidos do jornal "New York Times", por onde esteve por 136 semanas. Aqui no Brasil, nenhum dos livros de Brown saiu dos dez mais vendidos desde seus lançamentos: "Da Vinci", "Anjos" e "Fortaleza" estão simultaneamente na lista de mais vendidos da Folha há 31 semanas.
O filme em que Tom Hanks vive Langdon deve estrear nos cinemas do mundo inteiro em maio de 2006 (junto com sua versão para videogame), impulsionando ainda mais o sucesso do autor, que não deixa de escapar das polêmicas. "The Solomon Key", o próximo livro de Brown, não deve ter um caminho diferente, uma vez que o autor já admitiu que um dos temas abordados é a maçonaria e a relação desta entidade com a fundação dos Estados Unidos, fato refletido na própria arquitetura da capital Washington. Enquanto isso, vamos ao Pólo Norte.


Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Crítica: Autor vende jogos bem contados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.