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LITERATURA
Livro de 2001, segundo do autor de "O Código da Vinci", enfatiza questões tecnológicas e políticas no Pólo Norte
"Ponto de Impacto" lapida idéias de Brown
ALEXANDRE MATIAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
E lá vamos nós: instâncias semidesconhecidas de instituições famosas, bastidores de altos níveis
do poder global, um segredo que
pode abalar o rumo da história,
uma série de assassinatos frios e
cruéis, especialistas em áreas específicas do conhecimento humano e mercenários fiéis e obstinados, tudo em ritmo de cinema de
aventura de primeira linha. É isso
aí: tem Dan Brown novo na área.
"Novo", não. Ainda não é hora
de falar de "The Solomon Key",
possivelmente o livro mais aguardado da história, prometido para
2006. A seqüência para o fenômeno editorial "O Código Da Vinci"
nem sequer tem data marcada
-abandonada, pelo autor, após o
excesso de pressão da expectativa-, mas todos os envolvidos no
sucesso do livro cruzam os dedos
para o lançamento chegar no ano
que vem, quando estréia a versão
cinematográfica do livro, dirigida
por Ron Howard e com Tom
Hanks, Audrey Tautou, Ian
McKellen, Alfred Molina e Jean
Reno no elenco.
O livro da vez chama-se "Ponto
de Impacto" e é o segundo do autor, chegando ao Brasil para finalmente completar a bibliografia de
Brown por aqui. Desta vez os ingredientes incluem um oceanógrafo, uma glaciologista, um administrador da Nasa, uma especialista em segurança, adversários
políticos brigando pela Casa
Branca e suas assistentes, uma
descoberta no Círculo Polar Ártico, megainvestidores, nanorrobôs e um comunicado urgente do
governo dos EUA para o planeta.
Com mais personagens do que
cenários díspares -uma geleira
no Ártico, o Air Force One, a sala
dos mapas da Casa Branca, o
apartamento de um candidato à
presidência-, "Ponto" tem o ritmo que Brown consagraria em
"Da Vinci", embora diluído em
conhecimento mais tecnocientífico e político militar do que histórico (aparentando um Tom
Clancy com algum senso de humor), e ainda mais ações paralelas
que as de seus livros mais vendidos. No volume lançado originalmente em 2001, o autor ainda lapida algumas idéias que concluiriam na criação do personagem
Robert Langdon, um Indiana Jones da meia-idade que concentra
boa parte da ação dos romances a
partir de seu livro seguinte, "Anjos e Demônios", anterior ao fenômeno "O Código Da Vinci".
"Da Vinci" é o tal best-seller em
que o casamento de Jesus Cristo
com Maria Madalena teria sido
encoberto pela Igreja Católica para distorcer os ensinamentos cristãos originais, segredo que o pintor Leonardo Da Vinci, integrante
de uma sociedade secreta chamada Priorado de Sião (que ainda incluiria outras celebridades históricas, como Victor Hugo, Isaac
Newton e Jean Renoir), passou
em forma de código em suas principais pinturas, entre elas "A Última Ceia" e a "Mona Lisa". Referir-se ao "Código" como "tal"
chega a menosprezar sua força:
são cerca de 39 milhões de livros
vendidos em todo o planeta e traduzido em mais de 40 idiomas
(sendo a tradução para o árabe
uma das atrações da última Feira
de Frankfurt), feito só comparável
aos livros de J.K. Rowling, a autora da série Harry Potter.
"Só a edição ilustrada do "Código" vendeu 2 milhões de livros em
todo o mundo", conta Marcos Pereira, um dos editores da Sextante, que lança os livros de Brown
por aqui. "Anjos e Demônios"
vendeu 17 milhões, enquanto
"Fortaleza" e "Ponto" tiveram outros 7 milhões de livros vendidos,
segundo o editor. No Brasil, os
números não deixam de impressionar: 930 mil livros vendidos de
"O Código"; 345 mil de "Anjos",
180 mil de "Fortaleza" e 52 mil da
versão ilustrada de "Da Vinci".
"Ponto de Impacto" sai com boa
expectativa: "Temos uma pré-venda que nos fez imprimir 160
mil exemplares", diz Pereira,
"mas até o final do ano queremos
imprimir mais 100 mil". A edição
ilustrada de "Anjos e Demônios"
também acabou de ser lançada,
na semana passada.
O lançamento de "Ponto" no
Brasil vem coincidir com a saída
do "Código Da Vinci" da lista dos
mais vendidos do jornal "New
York Times", por onde esteve por
136 semanas. Aqui no Brasil, nenhum dos livros de Brown saiu
dos dez mais vendidos desde seus
lançamentos: "Da Vinci", "Anjos" e "Fortaleza" estão simultaneamente na lista de mais vendidos da Folha há 31 semanas.
O filme em que Tom Hanks vive
Langdon deve estrear nos cinemas do mundo inteiro em maio
de 2006 (junto com sua versão para videogame), impulsionando
ainda mais o sucesso do autor,
que não deixa de escapar das polêmicas. "The Solomon Key", o
próximo livro de Brown, não deve
ter um caminho diferente, uma
vez que o autor já admitiu que um
dos temas abordados é a maçonaria e a relação desta entidade com
a fundação dos Estados Unidos,
fato refletido na própria arquitetura da capital Washington. Enquanto isso, vamos ao Pólo Norte.
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