São Paulo, terça-feira, 08 de novembro de 2005

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ESTRÉIA

Chris Rock ri de si mesmo em nova série

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se todos os episódios de "Everybody Hates Chris" (todos odeiam Chris) tiverem o mesmo tom, o telespectador do Sony estará a partir de hoje diante de uma das comédias mais divertidas e inteligentes que o canal já exibiu.
Criada pelo ator Chris Rock, a série conta sua adolescência na região do Brooklyn, em Nova York. Aos problemas comuns dessa idade, somem-se a condição de negro num país racista e os apertos financeiros de seus pais para manter os três filhos.
O mais legal é que Rock, homem que venceu na carreira, não usa o rancor que tanto agrada ao diretor Spike Lee para mostrar aos brancos o valor de sua raça.
Não. O caminho que ele escolhe é o da nostalgia. Deixa transparecer uma inspiração em "Anos Incríveis", até pelo uso da narração do adulto que foi a criança e pela ausência daquelas gargalhadas irritantes que pontuam as piadas.
Já a temática do negro lembra o humor judaico, em que o sofrimento e as idiossincrasias da etnia dão o sinal verde para rirem de si mesmos.
A crítica de Rock vem em piada, mas está lá, cristalina, sem conclamar à revanche. Independentemente de ser o tom mais apropriado ou não, é diferente e atual.
Quando lembra que, ao sentar-se num banco de ônibus aos 13 anos, nenhum branco aceitava ficar ao seu lado, Rock ri do absurdo -e, com leveza, joga para o telespectador se cabe rir ou não da tolice coletiva.
O pequeno Rock é um achado, interpretado por Tyler James Williams. Primogênito, porém mais baixo e menos cool que seu irmão, é o alvo principal das ordens da mãe, Rochelle -Tichina Arnold, a mais impagável do elenco.
Matriarca, ela protege os filhos e o pai, Julius (Terry Crews), ao mesmo tempo em que deixa claro quem manda na casa.
"Everybody Hates Chris" diverte e até emociona. Tudo é tão bem equilibrado que fica difícil odiar o garoto.


Everybody Hates Chris
Quando:
hoje, às 20h, no Sony



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