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Família pede recolhimento de livro de André Midani
Filha de ex-empresário diz que há ofensas ao pai
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A família do ex-empresário
fonográfico Enrique Lebendiger quer tirar do mercado "Música, Ídolos e Poder - Do Vinil
ao Download", récem-lançada
autobiografia de André Midani,
um dos mais importantes executivos de gravadoras.
Lena Lebendiger, filha do ex-dono da gravadora RGE, pediu
à Nova Fronteira o recolhimento dos 30 mil exemplares
da primeira edição. Argumenta
que há na obra trechos ofensivos a seu pai, que, com cerca de
95 anos, estaria com problemas
de saúde.
O diretor-executivo da editora, Mauro Palermo, disse que a
família não pediu indenização,
mas insiste em recolher o livro.
"Propusemos que na segunda
edição a menção a Lebendiger
seja retirada." Segundo Palermo, a receptividade à proposta
"não foi a melhor do mundo". A
Folha tentou ouvir Lena em
São Paulo, onde mora. No único telefone em seu nome, diziam não conhecê-la.
Lebendiger é citado três vezes no livro. Na página 120, ao
comentar o assédio de sua gravadora, a Philips, a Chico Buarque, Midani critica o dono da
RGE, que tinha o artista sob
contrato. O empresário, diz o
texto, "era uma figura exótica,
conhecida por suas práticas
pouco convencionais".
"Fez uma considerável fortuna, sempre fingindo não ter dinheiro para pagar o que devia.
Era evidente que Lebendiger
não tinha a capacidade nem a
seriedade profissional para
acompanhar a carreira de um
compositor do calibre de Chico", complementa o escritor.
Nas páginas 147 e 148, Lebendiger volta ser citado. "Era um
personagem cinematográfico de
uns sessenta e tantos anos, tipo
[o comediante] Groucho Marx
[1890-1977]: baixinho, gordinho,
transportando óculos grosso sobre um nariz proeminente (...)
fumava da manhã à noite charutos cubanos enormes e desmoralizava a língua portuguesa."
Saxofones
Midani relata a compra na
França de 300 saxofones por
Lebendiger. Os saxes brasileiros "eram de péssima qualidade e não podiam ser importados por causa da reserva de
mercado". "Para burlar as restrições da importação, solicitou
à fábrica (...) que entregasse as
embocaduras dos saxofones no
hotel, em Cannes, e despachasse o resto dos instrumentos para o Brasil por navio. Voltou,
então, para São Paulo com as
embocaduras na mala."
Quando os instrumentos
chegaram em Santos, ninguém
foi buscar e foi marcado um leilão. Sem as boquilhas, o lote encalhou. Lebendiger arrematou-o a um preço irrisório. "Lebendiger levou as caixas de saxofones (...), colocou tranqüilamente as boquilhas (...) e vendeu todos eles, legalmente, a preço de
ouro", conta Midani no livro.
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