São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2000

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ARTE

Palestra contempla paisagem romântica

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a natureza deixa de ser o jardim geometricamente organizado para ser a selvageria das regiões inacessíveis. Essa é uma das chaves para entender a arte européia do século 19, que foi tema da palestra de Luiz Dantas, professor do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, no ciclo A Folha e a Escola do Masp.
Dantas iniciou a palestra "Romantismo e Realismo na França", dada no dia 29 no auditório do jornal, pondo como questão fundamental do romantismo o tema da paisagem. Para abordar o assunto, recuou para 20 ou 30 anos antes da eclosão do movimento.
Já em Fragonnard, pintor do século 18 que pertence à linhagem rococó, contemporâneo do filósofo Rousseau, a paisagem era mais utilizada, nas pinturas, como pano de fundo e cenário. Em David, o maior artista neoclássico francês, que fazia uma pintura essencialmente política, a natureza também ocupa pouco espaço.
Dantas mostrou a única paisagem de que se tem conhecimento do artista, feita durante um período em que esteve preso. "Vê-se um jardim urbano à distância, demonstrando que o pintor iluminista retrata a natureza submetida à uma incrível ordenação."
Depois dos exemplos de pintores anteriores ao romantismo na Europa, que se opõem ao apresentado no restante da palestra, o professor passou a abordar a descoberta dos Alpes como tema da pintura das paisagens. "A primeira acepção do termo "romântico" está ligada às paisagens alpinas, que implicam idéia de aventura, de pitoresco. Os Alpes constituem uma oposição selvagem à natureza domesticada", explicou.
"Essas montanhas, além do aspecto pouco explorado, fazem parte do gosto romântico por uma espécie de proporção e escala em que tanto o homem quanto a atividade racional do homem e o controle do homem sobre a natureza parecem diminuídos em oposição a essa espécie de colosso indomável, não-transformável do elemento natural", afirmou.
Os primeiros manifestantes do romantismo na pintura foram ingleses, como Turner e Constable.
Delacroix, tido como o grande pintor romântico francês, recebeu destaque, em especial seu lado viajante. "Ele realiza em 1830 uma viagem ao Marrocos e traz de lá uma série de aquarelas, de esboços extraordinários que vão, durante o restante de sua produção, alimentar obras mais ambiciosas, de temática orientalista."




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