São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2001

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LITERATURA

Zélia Gattai é eleita para ocupar cadeira de Jorge Amado na ABL

DA SUCURSAL DO RIO

A escritora Zélia Gattai, 85, foi eleita ontem a nova imortal da ABL (Academia Brasileira de Letras), no Rio. Ela ocupará a cadeira 23, que foi de seu marido, o escritor Jorge Amado, morto em agosto deste ano, aos 88 anos.
A vitória de Zélia já era esperada. Em uma votação a portas fechadas, que durou menos de 20 minutos, os integrantes da Academia a elegeram com 32 votos. O escritor Joel Silveira, 82, seu principal concorrente, teve quatro votos. Houve uma abstenção, a de Ariano Suassuna, cuja carta não chegou a tempo.
Apesar de esperar a vitória, Zélia disse que ficou surpresa com o número de votos que recebeu. "Sabia que não seria derrotada, porque meus amigos da Academia já haviam dito que votariam em mim, mas o número me deixou muito emocionada", disse.
A escritora contou que foi feito um "bolão" na família para adivinhar quantos votos receberia. "O mais otimista era meu filho João Jorge, que apostou que seriam 30 votos", disse, rindo. "Foi uma goleada", completou o presidente da ABL, Tarcísio Padilha.
Muitos acadêmicos foram até a casa de Zélia parabenizá-la pela eleição, entre eles Carlos Heitor Cony, Josué Montello, Evandro Lins e Silva e Nélida Piñon.
Ela respondeu às declarações de Joel Silveira de que seria eleita apenas por ser mulher de Jorge Amado. "Não pretendo dar continuidade ao que ele construiu, porque Jorge é insubstituível. Estou entrando na ABL porque construi uma carreira."
A escritora disse ainda que sua eleição é um presente para Jorge Amado. "Se ele estivesse aqui ficaria muito satisfeito e diria: "Essa Zélia é uma danada mesmo!"."
Zélia escreveu 13 livros. O primeiro deles foi "Anarquistas, Graças a Deus".
A nova imortal será a quinta escritora a ocupar uma vaga na ABL. A primeira foi Rachel de Queiroz, que tomou posse em 77. Depois, vieram Dinah Silveira de Queiroz, Lygia Fagundes Telles e Piñon. Para que uma mulher fosse aceita, o estatuto da ABL teve de ser alterado em 76, quando Dinah e Rachel de Queiroz disputaram uma vaga.


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