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MÚSICA
Com Tom Jobim, Johnny Alf e João Donato como protagonistas, "7 x Bossa Nova" vai ao ar entre abril e novembro de 2005
Série garimpa memórias da Bossa Nova
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Tom Jobim disse certa vez que
fez "Desafinado" pensando em
"Rapaz de Bem", de Johnny Alf.
Também disse que João Donato
era muito melhor pianista do que
ele. Essas afirmações constarão da
série "7 x Bossa Nova", que terá
Alf e Donato como dois de seus
protagonistas e Tom Jobim pairando sobre todos os episódios.
Por obra do acaso, quase toda a
série está sendo gravada no Rio
nesta semana, quando se completam dez anos sem Tom.
Hoje, data do aniversário de
morte do maestro, seu "ídolo"
Donato estará no estúdio sendo
dirigido por Belisário Franca, da
produtora Giros, e Rogério Brandão, da DirecTV.
Os episódios deverão ir ao ar no
canal 605 da DirecTV entre abril e
novembro de 2005, um por mês,
sucedendo na grade os três programas dedicados ao jobiniano
Chico Buarque que serão exibidos
entre janeiro e março.
"7 x Bossa Nova" tem roteiro de
Bebeto Abranches, condução de
Nelson Motta e consultoria de
Ruy Castro, autor de "Chega de
Saudade", a biografia do gênero.
O grande atrativo da série parece ser a disposição em ir muito
além da superfície em que costumam ficar as revisões da Bossa
Nova. A produção já colheu mais
de 20 depoimentos e garimpou
frases relativamente pouco conhecidas como as citadas de Tom
Jobim sobre Alf e Donato.
Também tirou do baú imagens
raras como a de Tom, emocionado, falando em 1969 do falecido
parceiro Newton Mendonça
("Desafinado", "Samba de uma
Nota Só") e as da Ipanema do início dos anos 60, quando era o
quartel-general da Bossa Nova,
feitas pelo cineasta Carlos Hugo
Christensen.
Há, ainda, depoimentos em que
se procura explicar as inovações
harmônicas da Bossa Nova, muito exaltadas pelos músicos mas
pouco traduzidas para o grande
público. Jaques Morelenbaum é
um que cumpre na série esse papel didático.
"Não queríamos só fazer um
show e registrar. A série é um documento que vai ficar para as futuras gerações. Guardadas as diferenças, é como "Jazz", do Ken
Burns", diz Rogério Brandão, citando a famosa série americana.
Mas, na visão dos diretores, a
principal mudança em relação a
programas similares está no olhar
dirigido "da periferia para o centro", como classifica Franca.
"Quando se fala em Bossa Nova,
normalmente o foco fica sobre a
santíssima trindade: Tom, Vinicius [de Moraes] e João Gilberto.
Nós invertemos a pirâmide e estamos partindo dos outros para
chegar até eles, procurando sistematizar o movimento", explica
Franca, diretor de trabalhos premiados como "Música do Brasil",
"Além Mar", "African Pop" e
"Danças Brasileiras".
Com exceção do programa final, um painel sobre os desdobramentos da Bossa Nova, todos os
episódios têm um artista como fio
condutor, cada um representando um viés temático: Johnny Alf,
Marcos Valle, João Donato (com
participação de Joyce), Roberto
Menescal (com Wanda Sá), Celso
Fonseca e Carlos Lyra.
O contexto do país no final dos
anos 50, indispensável para se entender a felicidade embutida nas
melodias de Tom, Menescal e outros, também está na série. "Eram
os anos JK, o Brasil querendo ser
moderno e influenciar o mundo",
diz Franca.
"7 x Bossa Nova" terá legendas
em inglês e espanhol. O objetivo é
chegar ao mercado internacional
já em 2005. "Não faço por menos:
sonho com o Emmy", diz Brandão, referindo-se ao Oscar da TV.
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