São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRECHO

"Ele me esperava à saída do baile. Parado na esquina, concertou as pontas da gravata-borboleta e eu jurava, ainda de longe, que ele sorria para mim. Quando deu boa-noite, fitei-o magrinho que era e de idade indecisa e respondi: boa-noite. Fomos andando e, quando cruzamos a luz de uma porta aberta, no bar Luiz, disse que me viu dançar com aquela loira. Não era linda, ele achava, mas tinha uma grande boca vermelha. Supunha que éramos namorados e explicou dar sorte nos amores aos amigos, apostando que eu iria noivar. Respondi que ela não me interessava, não queria mais vê-la. Foi quando disse que sofrera muito com as mulheres e (deu um puxão nas pontas da gravatinha) também não queria mais saber delas."
DALTON TREVISAN,
trecho do conto inédito "O Bem Amado", de "Joaquim"; o texto foi reescrito e publicado como "Boa Noite Senhor" em "Novelas Nada Exemplares" (1959)


Texto Anterior: Os "Joaquins"
Próximo Texto: Mônica Bergamo: Seguro inseguro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.