São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2001

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CINEMA

Exibições no Sesc, inauguradas com mostra da filmografia do ator, apresentam obras nacionais em 16 mm

Mazzaropi dá início a sessões gratuitas de cineclubismo



SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

A filmografia de Mazzaropi (1912-1981), o ator por trás de Jeca Tatu, conta 32 títulos. É o segundo filme protagonizado por ele, "Nadando em Dinheiro", de 1952, com direção de Abílio Pereira, que inaugura hoje o projeto "Cinema 16", do Sesc Ipiranga.
Com exibições gratuitas de filmes nacionais em 16 mm, a iniciativa pretende incentivar o espírito cineclubista, na contramão das mais recentes tecnologias cinematográficas. "Hoje ouvimos muito falar em filme digital, mas, quando você reúne pessoas que têm paixão pelo cinema, vê que pode retornar à sua simplicidade", diz Fernando Fialho, responsável pela programação do primeiro mês de projeções.
As próximas semanas do projeto também são dedicadas a Mazzaropi, com "O Corintiano" (1966), de Milton Amaral, e "O Jeca e a Freira" (1967), dirigido pelo próprio ator. "Nadando em Dinheiro" é uma produção da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, na qual Mazzaropi fez sua estréia nas telas, com "Sai da Frente" (52), e realizou "Candinho" (53).
"O Corintiano" e "O Jeca e a Freira" pertencem à fase da PAM Filmes, época em que o ator passou a controlar a produção e a distribuição de suas produções, além de protagonizá-las e dirigir a maioria delas.
Artista popular por excelência, o paulista Amácio Mazzaropi começou a carreira no circo, aos 15 anos de idade, e seguiu para o teatro, sempre interpretando o tipo caipira, como um retrato do "Brasil profundo".
O cinema foi sua atividade de predileção e o veículo que estendeu sua popularidade nacionalmente. Defensor de um cinema sem complicações de forma ou conteúdo, Mazzaropi foi profícuo, mas quase sempre precário nos resultados.
A singeleza das tramas e a superficialidade com que as tratava -insinuando a tensão e o conflito, mas fugindo deles- fizeram o crítico Jean-Claude Bernardet classificar sua cinematografia de "reacionária e conservadora".
Mas sem com isso deixar de ter sido "um cinema político atuante", ao abordar os temas da vida cotidiana e estabelecer por meio deles a empatia com o público.
Os apontamentos de Bernardet e um arquivo reunindo 6.000 peças de e sobre Mazzaropi são mantidos pelo museu que leva seu nome, em Taubaté.


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