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CINEMA
Exibições no Sesc, inauguradas com mostra da filmografia do ator, apresentam obras nacionais em 16 mm
Mazzaropi dá início a sessões gratuitas de cineclubismo
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
A filmografia de Mazzaropi
(1912-1981), o ator por trás de Jeca
Tatu, conta 32 títulos. É o segundo
filme protagonizado por ele, "Nadando em Dinheiro", de 1952,
com direção de Abílio Pereira,
que inaugura hoje o projeto "Cinema 16", do Sesc Ipiranga.
Com exibições gratuitas de filmes nacionais em 16 mm, a iniciativa pretende incentivar o espírito
cineclubista, na contramão das
mais recentes tecnologias cinematográficas. "Hoje ouvimos
muito falar em filme digital, mas,
quando você reúne pessoas que
têm paixão pelo cinema, vê que
pode retornar à sua simplicidade", diz Fernando Fialho, responsável pela programação do primeiro mês de projeções.
As próximas semanas do projeto também são dedicadas a Mazzaropi, com "O Corintiano"
(1966), de Milton Amaral, e "O Jeca e a Freira" (1967), dirigido pelo
próprio ator. "Nadando em Dinheiro" é uma produção da Companhia Cinematográfica Vera
Cruz, na qual Mazzaropi fez sua
estréia nas telas, com "Sai da
Frente" (52), e realizou "Candinho" (53).
"O Corintiano" e "O Jeca e a
Freira" pertencem à fase da PAM
Filmes, época em que o ator passou a controlar a produção e a distribuição de suas produções, além
de protagonizá-las e dirigir a
maioria delas.
Artista popular por excelência,
o paulista Amácio Mazzaropi começou a carreira no circo, aos 15
anos de idade, e seguiu para o teatro, sempre interpretando o tipo
caipira, como um retrato do "Brasil profundo".
O cinema foi sua atividade de
predileção e o veículo que estendeu sua popularidade nacionalmente. Defensor de um cinema
sem complicações de forma ou
conteúdo, Mazzaropi foi profícuo, mas quase sempre precário
nos resultados.
A singeleza das tramas e a superficialidade com que as tratava
-insinuando a tensão e o conflito, mas fugindo deles- fizeram o
crítico Jean-Claude Bernardet
classificar sua cinematografia de
"reacionária e conservadora".
Mas sem com isso deixar de ter
sido "um cinema político atuante", ao abordar os temas da vida
cotidiana e estabelecer por meio
deles a empatia com o público.
Os apontamentos de Bernardet
e um arquivo reunindo 6.000 peças de e sobre Mazzaropi são
mantidos pelo museu que leva
seu nome, em Taubaté.
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