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NET CETERA
Eu "googlo", você "googla"
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
www.google.com.
Se 2002 foi o ano em que o
mecanismo de busca da internet
acima se firmou como a melhor
ferramenta à disposição de quem
navega, o ano que começa agora
deve ser definitivamente o "ano
Google", em que o nome entrará
para o panteão das marcas tornadas substantivos, como gilete,
maisena, pirex e xerox.
Afinal, verbo já virou -"to
google", ou "googlar"-, como
mostrou primeiro Hollywood, no
filme "Encontro de Amor"
("Maid in Manhattan"), que estréia dia 4 de abril no Brasil, em
que em uma cena o personagem
de Jennifer Lopez responde a uma
dúvida do filho pequeno: "Não
sei, quando a gente chegar em casa eu googlo e te respondo".
"Googlar" ou não alguém, aliás,
virou até discussão ética e mereceu artigos apaixonados nas últimas semanas em revistas como a
dominical do jornal "The New
York Times". Na coluna "The
Ethicist", uma leitora diz que
"googlou" seu pretendente antes
de resolver sair com ele.
Ou seja, colocou nome e sobrenome do fulano entre aspas no
mecanismo de busca para ver se
aparecia alguma coisa desabonadora (o registro de uma prisão na
juventude, um desfalque no caixa
da empresa etc.). E pergunta: ela
agiu corretamente?
Sexo e celebridades
O titular, Randy Cohen, sai pela
tangente na resposta, mas o fato é
que cada vez mais pessoas fazem
o mesmo -ou seja, "googlam".
Há quem diga, não sem razão,
que as palavras digitadas na janela
de busca milhões de vezes ao dia
no mundo inteiro são o que mais
próximo se pode chegar do registro do inconsciente coletivo.
Não é por outro motivo que a
empresa, fundada em 1998 por
dois estudantes de ciência da
computação da Universidade de
Stanford, mantém um painel eletrônico em sua sede, na cidade de
Mountain View (Estado da Califórnia), aberto ao público.
Ali, o visitante pode ver uma
amostra do que está sendo procurado naquele momento pelos
usuários (28 milhões por mês, em
86 línguas, segundo dados da empresa), como se o tal inconsciente
coletivo tivesse legenda. A conclusão é surpreendente: "Não importa de que país ou região do mundo sejam, o que as pessoas procuram é mais ou menos a mesma
coisa", disse ao "New York Times" Greg Rae, um dos diretores.
E o que procura o mundo?
Sexo, notícias sobre celebridades e programas de computador
que possam ser baixados gratuitamente, não necessariamente nessa ordem.
E-mail: sergiodavila@uol.com.br
Site: www.uol.com.br/sergiodavila
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