São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2004

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MÚSICA

Grupo Nó em Pingo d'Água mostra no Sesc Vila Mariana disco com obras do compositor, que participará dos shows

Quinteto mergulha no choro de Paulinho da Viola

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

De hoje a amanhã, quem for ao Sesc Vila Mariana vai ter uma oportunidade de entender a sensação de reverência demandada quando a música de Paulinho da Viola se faz presente.
Lá começa a turnê de divulgação do disco "Nó em Pingo d'Água interpreta Paulinho da Viola", em que o quinteto, tido como vanguardista na abordagem do chorinho, mergulha na obra instrumental -e injustamente menos conhecida- do compositor carioca de 61 anos, pagando um tributo dos mais honrosos.
Como o homenageado terá uma participação, será uma oportunidade também de rever a cena que fecha o documentário "Paulinho da Viola -Meu Tempo É Hoje", de Izabel Jaguaribe: o choro "Um Sarau para Rafael", de Paulinho, dedicado ao violonista Rafael Rabello (1962-1995) e interpretado pelo autor com o grupo.
A cena é um flagrante de uma parceria que vem se tornando cada vez mais íntima ao longo dos anos, fazendo do chorinho a arte do encontro entre a tradição, à qual pertence Paulinho, e a renovação que o quinteto propõe sempre que chora.
"Quando fazemos esse trabalho juntos, há sempre uma síntese. Eu me adapto à sonoridade deles, e eles às minhas composições", disse Paulinho, por telefone, à Folha, num breve intervalo de um corrido ensaio na quarta-feira, no Rio.
"Para mim é sempre uma experiência legal, eu me identifico com as idéias deles", afirma o compositor, a respeito da tabelinha com os integrantes do Nó em Pingo d'Água.
O percussionista Celsinho Silva acompanha Paulinho da Viola há 23 anos, rotina à qual o saxofonista e flautista Mario Sève foi incorporado em 1996. Completam o grupo o baixista Papito, o bandolinista Rodrigo Lessa e o violonista Rogério Souza.
Se os dois já são individualmente ligados a Paulinho, o Nó como pessoa jurídica estreitou laços com o vascaíno na década de 90, em dois espetáculos lançados que tiveram a parceria do compositor: "Receita Carioca" e "Chorando Alto".
"O Paulinho é tido por nós como um dos maiores compositores contemporâneos de chorinho. Tudo dele é embasado na melhor tradição de Jacob do Bandolim e Pixinguinha, mas também inclui elementos supernovos no chorinho, melodias em escalas e harmonias um pouco mais contemporâneas", afirma Sève, 44.
O disco "Nó em Pingo d'Água Interpreta Paulinho da Viola" teve festa de lançamento no fim de dezembro do ano passado, no Centro Cultural Carioca, na Lapa, centro do Rio, mas é em São Paulo que a turnê começa oficialmente. Na festa, Paulinho estava lá, mas não participou do show.
O Nó começa sozinho, destacando a inédita de Paulinho "Chuva Fina Também Molha" -composta para o disco-, a inesquecível "Sinal Fechado" e "Choro em Ré Menor", do pai do compositor, o violonista César Faria. Depois, entram o homenageado e seu cavaquinho e aí, a sensação de reverência deverá se traduzir pela elegância sutil daqueles que choram sorrindo.


NÓ EM PINGO D'ÁGUA E PAULINHO DA VIOLA. Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, Vila Mariana, São Paulo, tel. 0/xx/11/5080-3000). Quando: hoje e amanhã, às 21h, e dom., às 18h. Quanto: de R$ 10 a R$ 25.


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