São Paulo, sábado, 09 de janeiro de 2010

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LIVROS

Álbuns da MPB são dissecados em livros

Coleção interpreta trabalhos de Caetano, Chico, Lupicínio, Lenine e Sampaio

Seleção dos cinco discos analisados não segue critérios históricos, mas relação pessoal entre os autores e as canções


MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando, em 2007, o álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", dos Beatles, completou 40 anos, foram editados aqui no Brasil diversos livros analisando seu conteúdo -um deles até, "Sargento Pimenta Forever" (ed. Libretos), organizado por um brasileiro, Robson de Freitas Pereira.
Isso sem falar nas incontáveis publicações estrangeiras que se dedicaram àquele LP. A coleção "Língua Cantada", inaugurada agora pela editora Língua Geral, vem trazer essa cultura aos álbuns nacionais.
O projeto é de Santuza Cambraia Naves, Frederico Oliveira Coelho e Tatiana Bacal, do Núcleo de Estudos Musicais da Universidade Cândido Mendes, do Rio. E traz, nesta primeira leva, títulos dedicados a álbuns de Caetano Veloso, Chico Buarque, Lupicínio Rodrigues, Sérgio Sampaio e Lenine e Marcos Suzano (leia quadro).
A seleção dos títulos analisados não cumpre caráter histórico. Ao contrário, vem de escolhas pessoais dos autores. Assim, em vez de trabalhos emblemáticos, estão na coleção os menos incensados "Velô" (1984), de Caetano, e "Paratodos" (1993), de Chico. "Cada autor fala sobre o disco de sua preferência com uma forma livre de análise", diz Santuza. "Outro critério adotado é misturar autores do meio acadêmico e do mundo artístico, como poetas e compositores."
Segundo a curadora, é importante que a coleção proponha o mesmo diálogo entre o erudito e o pop -ou entre o intelectual e o artístico- que é presente no próprio processo de composição das canções analisadas.
Assim, misturam-se as abordagens. Analítico, Paulo Henriques Britto usa o álbum "Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua...", de Sérgio Sampaio, para rever o pós-tropicalismo.
"Vários artistas passaram por esse período "noturno" da história -Luiz Melodia, Jards Macalé, Os Mutantes-, mas depois saíram dele", diz o autor.
"Sampaio permaneceu naquilo até a morte. Por isso, ficou como o artista que melhor representa aquela estética." Dos cinco volumes ora lançados, apenas o do músico Pedro Luís, sobre disco de Lenine e Marcos Suzano, optou por uma leitura poética.
"Pedi licença para que fosse assim. Não tenho a menor circulação pela questão acadêmica, meu viés é todo empírico", ele conta. "É uma viagem de prosa poética. Só me utilizo dos títulos daquelas grandes composições como trampolim." A série continua. Entre os volumes previstos, há um dedicado a "Quem É Quem" (1973), de João Donato, por Kassin, e outro a "Jards Macalé" (1972), por Frederico Oliveira Coelho. A atriz Regina Casé procura um título para analisar.


COLEÇÃO LÍNGUA CANTADA

Autores: Santuza Cambraia Naves ("Velô", 100 págs.), Paulo Henriques Britto ("Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua", 96 págs.), Rosa Dias ("Lupicínio", 108 págs.), Heloisa Maria Murgel Starling ("Uma Pátria Paratodos", 100 págs.) e Pedro Luís ("Logo Parecia que Assim Sempre Fora", 36 págs.)
Editora: Língua Geral
Quanto: R$ 20, cada volume




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