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LIVROS
Álbuns da MPB são dissecados em livros
Coleção interpreta trabalhos de Caetano, Chico, Lupicínio, Lenine e Sampaio
Seleção dos cinco discos
analisados não segue
critérios históricos, mas
relação pessoal entre os
autores e as canções
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando, em 2007, o álbum
"Sgt. Pepper's Lonely Hearts
Club Band", dos Beatles, completou 40 anos, foram editados
aqui no Brasil diversos livros
analisando seu conteúdo -um
deles até, "Sargento Pimenta
Forever" (ed. Libretos), organizado por um brasileiro, Robson
de Freitas Pereira.
Isso sem falar nas incontáveis publicações estrangeiras
que se dedicaram àquele LP.
A coleção "Língua Cantada",
inaugurada agora pela editora
Língua Geral, vem trazer essa
cultura aos álbuns nacionais.
O projeto é de Santuza Cambraia Naves, Frederico Oliveira
Coelho e Tatiana Bacal, do Núcleo de Estudos Musicais da
Universidade Cândido Mendes, do Rio. E traz, nesta primeira leva, títulos dedicados a
álbuns de Caetano Veloso, Chico Buarque, Lupicínio Rodrigues, Sérgio Sampaio e Lenine
e Marcos Suzano (leia quadro).
A seleção dos títulos analisados não cumpre caráter histórico. Ao contrário, vem de escolhas pessoais dos autores. Assim, em vez de trabalhos emblemáticos, estão na coleção os
menos incensados "Velô"
(1984), de Caetano, e "Paratodos" (1993), de Chico.
"Cada autor fala sobre o disco
de sua preferência com uma
forma livre de análise", diz Santuza. "Outro critério adotado é
misturar autores do meio acadêmico e do mundo artístico,
como poetas e compositores."
Segundo a curadora, é importante que a coleção proponha o
mesmo diálogo entre o erudito
e o pop -ou entre o intelectual
e o artístico- que é presente no
próprio processo de composição das canções analisadas.
Assim, misturam-se as abordagens. Analítico, Paulo
Henriques Britto usa o álbum
"Eu Quero É Botar Meu Bloco
na Rua...", de Sérgio Sampaio,
para rever o pós-tropicalismo.
"Vários artistas passaram
por esse período "noturno" da
história -Luiz Melodia, Jards
Macalé, Os Mutantes-, mas
depois saíram dele", diz o autor.
"Sampaio permaneceu naquilo
até a morte. Por isso, ficou como o artista que melhor representa aquela estética."
Dos cinco volumes ora lançados, apenas o do músico Pedro
Luís, sobre disco de Lenine e
Marcos Suzano, optou por uma
leitura poética.
"Pedi licença para que fosse
assim. Não tenho a menor circulação pela questão acadêmica, meu viés é todo empírico",
ele conta. "É uma viagem de
prosa poética. Só me utilizo dos
títulos daquelas grandes composições como trampolim."
A série continua. Entre os volumes previstos, há um dedicado a "Quem É Quem" (1973), de
João Donato, por Kassin, e outro a "Jards Macalé" (1972), por
Frederico Oliveira Coelho. A
atriz Regina Casé procura um
título para analisar.
COLEÇÃO LÍNGUA CANTADA
Autores: Santuza Cambraia Naves
("Velô", 100 págs.), Paulo Henriques
Britto ("Eu Quero É Botar Meu Bloco na
Rua", 96 págs.), Rosa Dias ("Lupicínio",
108 págs.), Heloisa Maria Murgel Starling ("Uma Pátria Paratodos", 100
págs.) e Pedro Luís ("Logo Parecia que
Assim Sempre Fora", 36 págs.)
Editora: Língua Geral
Quanto: R$ 20, cada volume
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