São Paulo, sexta, 9 de janeiro de 1998.




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Shows celebram a obra de Cartola

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

Na definição do sambista Nelson Sargento, da velha guarda da Mangueira, o compositor Cartola não existiu. "Ele foi um sonho que a gente teve", costuma dizer.
O "sonho" faria 90 anos este ano. A data é o motivo para uma série de shows que o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) apresenta até 1º de fevereiro, lembrando a obra do compositor de "As Rosas Não Falam".
Nelson Sargento e outros componentes da velha guarda da escola de samba estão entre os convidados do ciclo.
"A ligação com a Mangueira permeou toda a sua obra, mesmo no período em que Cartola esteve longe do morro, no final dos anos 40. Por isso a importância da participação do grupo", diz o músico Henrique Cazes.
A idéia de organizar o ciclo de shows surgiu de uma maneira curiosa: ao fazer uma viagem, a pianista clássica Lilian Barreto levou algumas fitas com gravações de Cartola. Voltou apaixonada pela qualidade das canções. Procurou Cazes e o projeto tomou forma.
Ao fazer a pesquisa para montar o repertório dos quatro shows (um a cada semana), Cazes e Barreto encontraram duas preciosidades: os sambas inéditos "A Vila Emudeceu" e "O Amor É Isso?".
"A Vila Emudeceu" foi composto por Cartola quando Noel Rosa, seu grande amigo, morreu. O samba será apresentado pelo grupo Arranco de Varsóvia, que ocupa o palco do CCBB esta semana.
O Arranco vai mostrar, no show "Tempos Idos/Amigos", os primeiros sucessos do compositor.
"O Amor É Isso?", parceria com Aloísio Dias, faz parte do roteiro da segunda semana. Em "Verde Que Te Quero Rosa" -título do show que será apresentado de 15 a 18 de janeiro-, a velha guarda da Mangueira relembra a ligação de Cartola com a escola.
Em "Cartola Acontece" (entre 22 e 25 de janeiro), Elton Medeiros apresenta os clássicos dos anos 60 -época em que Cartola foi redescoberto, depois de ter desaparecido por ocasião da morte da primeira mulher, Deolinda, em 1948.
Entre os dias 29 de janeiro e 1º de fevereiro, as composições de Cartola recebem uma roupagem clássica: duas suítes escritas pelo compositor Ronaldo Miranda serão apresentadas por Cazes (cavaquinho), Lilian Barreto (piano), Alceu Reis (violoncelo) e Carol Saboya (voz).
"Ele transcende o samba. O maestro Radamés Gnatalli costumava dizer que as composições de Cartola eram mais perfeitas e bem resolvidas que muitas obras eruditas. É isso que pretendemos mostrar no último show", disse Cazes.

O quê: O Mundo É Um Moinho, série de shows em homenagem a Cartola Com: Arranco de Varsóvia, Velha Guarda da Mangueira, Elton Medeiros e outros Onde: teatro 2 do CCBB (r. 1º de Março, 66, tel. 216-0237) Quando: de qui. a dom., às 18h30. Até 1º de fevereiro Quanto: R$ 6


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