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Shows celebram a
obra de Cartola
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
Na definição do sambista Nelson
Sargento, da velha guarda da Mangueira, o compositor Cartola não
existiu. "Ele foi um sonho que a
gente teve", costuma dizer.
O "sonho" faria 90 anos este
ano. A data é o motivo para uma
série de shows que o CCBB (Centro
Cultural Banco do Brasil) apresenta até 1º de fevereiro, lembrando a
obra do compositor de "As Rosas
Não Falam".
Nelson Sargento e outros componentes da velha guarda da escola
de samba estão entre os convidados do ciclo.
"A ligação com a Mangueira
permeou toda a sua obra, mesmo
no período em que Cartola esteve
longe do morro, no final dos anos
40. Por isso a importância da participação do grupo", diz o músico
Henrique Cazes.
A idéia de organizar o ciclo de
shows surgiu de uma maneira curiosa: ao fazer uma viagem, a pianista clássica Lilian Barreto levou
algumas fitas com gravações de
Cartola. Voltou apaixonada pela
qualidade das canções. Procurou
Cazes e o projeto tomou forma.
Ao fazer a pesquisa para montar
o repertório dos quatro shows (um
a cada semana), Cazes e Barreto
encontraram duas preciosidades:
os sambas inéditos "A Vila Emudeceu" e "O Amor É Isso?".
"A Vila Emudeceu" foi composto por Cartola quando Noel Rosa,
seu grande amigo, morreu. O samba será apresentado pelo grupo
Arranco de Varsóvia, que ocupa o
palco do CCBB esta semana.
O Arranco vai mostrar, no show
"Tempos Idos/Amigos", os primeiros sucessos do compositor.
"O Amor É Isso?", parceria com
Aloísio Dias, faz parte do roteiro
da segunda semana. Em "Verde
Que Te Quero Rosa" -título do
show que será apresentado de 15 a
18 de janeiro-, a velha guarda da
Mangueira relembra a ligação de
Cartola com a escola.
Em "Cartola Acontece" (entre
22 e 25 de janeiro), Elton Medeiros
apresenta os clássicos dos anos 60
-época em que Cartola foi redescoberto, depois de ter desaparecido por ocasião da morte da primeira mulher, Deolinda, em 1948.
Entre os dias 29 de janeiro e 1º de
fevereiro, as composições de Cartola recebem uma roupagem clássica: duas suítes escritas pelo compositor Ronaldo Miranda serão
apresentadas por Cazes (cavaquinho), Lilian Barreto (piano), Alceu
Reis (violoncelo) e Carol Saboya
(voz).
"Ele transcende o samba. O
maestro Radamés Gnatalli costumava dizer que as composições de
Cartola eram mais perfeitas e bem
resolvidas que muitas obras eruditas. É isso que pretendemos mostrar no último show", disse Cazes.
O quê: O Mundo É Um Moinho, série de
shows em homenagem a Cartola
Com: Arranco de Varsóvia, Velha Guarda
da Mangueira, Elton Medeiros e outros
Onde: teatro 2 do CCBB (r. 1º de Março, 66,
tel. 216-0237)
Quando: de qui. a dom., às 18h30. Até 1º
de fevereiro
Quanto: R$ 6
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