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MAC E MAM
Em 99, museus se viram com o que têm
da Reportagem Local
Não é a primeira vez que as histórias do MAC e do MAM se entrelaçam.
O MAC foi criado em 1963, a partir da doação da sede e do acervo
de 1.236 obras do MAM à USP. A
doação foi feita por Cicillo Matarazzo, que havia fundado o MAM
em 1948. Mas o MAM não fechou e
conseguiu formar um novo acervo,
a partir de 1967, principalmente a
partir de doações de artistas e colecionadores.
A generosidade dos doadores (e
do próprio museu, que aceitou as
doações), acabou gerando um
acervo irregular e falho, já que não
reflete uma política curatorial de
aquisições. Gerou ainda uma situação incoerente, em que o destaque do Museu de Arte Moderna é
seu acervo de arte contemporânea
e o destaque do Museu de Arte
Contemporânea é seu acervo de
arte moderna. E é sob o signo dessa
contradição que as duas instituições enfrentam o novo ano.
O MAC, por exemplo, que tanto
luta para manter o seu espaço no
Pavilhão da Bienal, começa sua
programação no local apenas em
abril, junto com o início das comemorações da USP pelos 500 anos
de descobrimento.
Antes disso, porém, o MAC pretende discutir -mais uma vez- o
uso do espaço climatizado no Pavilhão com a diretoria da Bienal de
Arte e outras pendências entre as
entidades.
Para a sede na USP, Teixeira Coelho conta com a força de seu acervo
de cerca de 8.000 peças, que conta
com obras de Modigliani, Matisse,
Max Ernst, Calder, Picasso, Chagall, Tarsila do Amaral, Rego Monteiro e outros.
"Vamos desenvolver um novo
sistema de exibição, em que apresentaremos as coleções nacional e
internacional juntas. Não haverá
mais diferenças entre as nações.
Será possível ver Tarsila ao lado de
Léger, Ismael Nery ao lado de surrealistas. Trabalharemos com a
contextualização e com o fim das
nacionalidades", disse Teixeira
Coelho. Segundo o diretor, essa
política de exibição será seguida na
reedição dos catálogos do museu.
Já o MAM, que não possui um
acervo como o do MAC, mas não
quer perder espaço na cena cultural da cidade, vai continuar investindo em grandes mostras, como
as de Franz Weissmann, Lygia
Clark e Raoul Dufy, e ainda criar
novos espaços expositivos.
Nos fundos da sala principal, por
exemplo, pretende criar uma nova
sala para projetos especiais de artistas ou desenvolvidos pela equipe de curadoria do museu.
O primeiro deles será com o acervo do museu de obras de Farnese
de Andrade (1926-1996).
O destaque do ano na sala Paulo
Figueiredo, ao lado da loja do
MAM, será a mostra do pintor Cassio Michalany, curada pelo crítico
Rodrigo Naves.
A produção do MAM sobe -literalmente- pelas paredes com os
projetos de Jac Leirner e Iran do
Espírito Santo, dois artistas que
devem criar projetos para a parede
do museu que fica ao lado do restaurante.
O museu pretende ainda estimular o uso de seu auditório e, além
dos shows iniciados no final do
ano passado, promover também
estréias de filmes nacionais, recuperando assim uma vocação inicial
da instituição, já que ali nasceu a
Cinemateca Brasileira.
Outro plano é a catalogação, informatização e restauração completas do acervo do museu, além
da publicação de seu catálogo oficial, atrasado devido à falta de patrocínio.
Também está prevista uma reforma total de seu jardim das esculturas, patrocinada pela Fundação
Roberto Marinho, que deverá então abrigar as recentes doações recebidas.
(CELSO FIORAVANTE)
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