São Paulo, sábado, 9 de janeiro de 1999

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MAC E MAM
Em 99, museus se viram com o que têm

da Reportagem Local

Não é a primeira vez que as histórias do MAC e do MAM se entrelaçam.
O MAC foi criado em 1963, a partir da doação da sede e do acervo de 1.236 obras do MAM à USP. A doação foi feita por Cicillo Matarazzo, que havia fundado o MAM em 1948. Mas o MAM não fechou e conseguiu formar um novo acervo, a partir de 1967, principalmente a partir de doações de artistas e colecionadores.
A generosidade dos doadores (e do próprio museu, que aceitou as doações), acabou gerando um acervo irregular e falho, já que não reflete uma política curatorial de aquisições. Gerou ainda uma situação incoerente, em que o destaque do Museu de Arte Moderna é seu acervo de arte contemporânea e o destaque do Museu de Arte Contemporânea é seu acervo de arte moderna. E é sob o signo dessa contradição que as duas instituições enfrentam o novo ano.
O MAC, por exemplo, que tanto luta para manter o seu espaço no Pavilhão da Bienal, começa sua programação no local apenas em abril, junto com o início das comemorações da USP pelos 500 anos de descobrimento.
Antes disso, porém, o MAC pretende discutir -mais uma vez- o uso do espaço climatizado no Pavilhão com a diretoria da Bienal de Arte e outras pendências entre as entidades.
Para a sede na USP, Teixeira Coelho conta com a força de seu acervo de cerca de 8.000 peças, que conta com obras de Modigliani, Matisse, Max Ernst, Calder, Picasso, Chagall, Tarsila do Amaral, Rego Monteiro e outros.
"Vamos desenvolver um novo sistema de exibição, em que apresentaremos as coleções nacional e internacional juntas. Não haverá mais diferenças entre as nações. Será possível ver Tarsila ao lado de Léger, Ismael Nery ao lado de surrealistas. Trabalharemos com a contextualização e com o fim das nacionalidades", disse Teixeira Coelho. Segundo o diretor, essa política de exibição será seguida na reedição dos catálogos do museu.
Já o MAM, que não possui um acervo como o do MAC, mas não quer perder espaço na cena cultural da cidade, vai continuar investindo em grandes mostras, como as de Franz Weissmann, Lygia Clark e Raoul Dufy, e ainda criar novos espaços expositivos.
Nos fundos da sala principal, por exemplo, pretende criar uma nova sala para projetos especiais de artistas ou desenvolvidos pela equipe de curadoria do museu.
O primeiro deles será com o acervo do museu de obras de Farnese de Andrade (1926-1996).
O destaque do ano na sala Paulo Figueiredo, ao lado da loja do MAM, será a mostra do pintor Cassio Michalany, curada pelo crítico Rodrigo Naves.
A produção do MAM sobe -literalmente- pelas paredes com os projetos de Jac Leirner e Iran do Espírito Santo, dois artistas que devem criar projetos para a parede do museu que fica ao lado do restaurante.
O museu pretende ainda estimular o uso de seu auditório e, além dos shows iniciados no final do ano passado, promover também estréias de filmes nacionais, recuperando assim uma vocação inicial da instituição, já que ali nasceu a Cinemateca Brasileira.
Outro plano é a catalogação, informatização e restauração completas do acervo do museu, além da publicação de seu catálogo oficial, atrasado devido à falta de patrocínio.
Também está prevista uma reforma total de seu jardim das esculturas, patrocinada pela Fundação Roberto Marinho, que deverá então abrigar as recentes doações recebidas. (CELSO FIORAVANTE)


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