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JAZZ
Sai documentário sobre a obra do compositor, que teve os 20 anos de sua morte completados nesta semana
Vídeo e CD celebram o vulcão Mingus
CARLOS CALADO
especial para a Folha
Os 20 anos da morte do jazzista
Charles Mingus -completados
nesta semana- não passaram em
branco. Um documentário em home video e um CD triplo com gravações inéditas, recém-lançados
nos EUA, voltam a focalizar a música vulcânica de um dos maiores
compositores deste século.
Combinando múltiplas influências, do blues à música contemporânea, Mingus construiu ao longo
de quatro décadas uma obra extremamente original e criativa. Suas
composições impressionam tanto
pela liberdade formal, como pelo
alto grau de vigor e expressividade
que exige dos músicos.
"No jazz, eu só o comparo a (Duke) Ellington", declara o maestro e
musicólogo Gunther Schuller, em
uma das cenas de "Charles Mingus
- Triumph of the Underdog", o primeiro documentário dedicado à
obra do "band leader".
Para resgatar a trajetória musical
de Mingus, o diretor Don
McGlynn dispensou a figura do
narrador. Preferiu contar a história por meio de depoimentos
-não só de músicos, mas do próprio jazzista e seus familiares.
"Eu sou Charles Mingus. Meio
negro, meio amarelo. Nem amarelo, nem branco o suficiente para
deixar de passar por negro, nem
muito claro para ser chamado de
branco", autodefine-se o retratado, com uma sinceridade surpreendente, logo na primeira cena.
Filho de um soldado negro com
uma descendente de chineses,
Mingus nasceu em Nogales, Arizona, em 22 de abril de 1922. Mas
cresceu em Los Angeles, na explosiva área de Watts, semelhante ao
Harlem nova-iorquino.
Ainda garoto, aprendeu violoncelo e trombone até se decidir pelo
contrabaixo. Aos 17 anos, já escrevia sua primeira composição,
"What Love", que veio a gravar somente duas décadas depois.
Depois de acompanhar músicos
mais tradicionais, como Louis
Armstrong e Kid Ory, estabeleceu-se em Nova York, no início dos
anos 50. Ali passou a tocar com
Charlie Parker, Bud Powell e outros adeptos do inovador bebop.
Uma década mais tarde, o decidido Mingus já tinha conquistado
seu lugar definitivo na linha de
frente do jazz moderno.
Entremeando os depoimentos e
entrevistas com fotos e filmes raros, o documentário traça o perfil
de um artista explosivo. Mingus
era capaz até de demitir seus músicos durante os concertos, se as performances não o agradassem.
Para os fanáticos, não faltam documentos preciosos, como trechos
de gravações domésticas que permitem ouvir Mingus compondo.
Ou flagrantes de apresentações
históricas, como o conturbado
concerto no Town Hall de Nova
York, em 1962, e a parceria com o
saxofonista Gerry Mulligan, no
Montreux Jazz Festival, em 1975.
Por sinal, aí se encontra o único
defeito do documentário. Talvez
por receio de torná-lo longo, o diretor optou por retalhar esses registros, mas não faria mal nenhum
se mantivesse completos dois ou
três deles. Os fãs agradeceriam.
˛
Vídeo: Charles Mingus - Triumph of the
Underdog
Onde encomendar:
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