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FURACÃO 2001
Som carioca pode ser hit da folia deste ano
Funk já é sucesso em Salvador e ameaça axé music no Carnaval
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se, no ano passado, o pegajoso
pop rock "Anna Júlia", do grupo
Los Hermanos, foi um dos maiores sucessos do Carnaval, agora
outro ritmo ameaça a hegemonia
da axé music: o funk carioca.
Hits como "Planeta Dominado", "Cerol na Mão" e "Tapinha"
já estão entre as mais pedidas nas
rádios de Salvador e começam a
ser selecionadas para o repertórios dos trios elétricos.
DJ Marlboro, um dos principais
empresários do funk carioca, que
costuma lançar hits nos programas da Xuxa, diz que irá tocar durante três noites no Carnaval de
Salvador no trio elétrico de Beto
Jamaica, ex-vocalista do É o
Tchan e forte empresário da axé
music. "A mistura da batida do
funk com a dança baiana será
muito legal. Antes existia um boicote na Bahia contra o funk e ninguém tocava nossas músicas. Mas
isso foi superado."
No próximo dia 19, Marlboro
estréia um programa de funk em
uma rádio de Salvador. Além disso, o funkeiro tem shows agendados com Banda Beijo e Olodum.
Marcus Guedes, gerente de
marketing da Crowley Broadcast,
empresa que monitora a execução de músicas em rádios das
principais cidades brasileiras,
aposta no funk para este Carnaval. "A música do "Cerol", do Bonde do Tigrão, é uma forte candidata a ser hit", diz. "O funk é um
ritmo fácil de pegar no Carnaval
porque é muito baseado em coreografias", afirma.
Guedes cita também o ritmo caribenho "La Bomba", do grupo
Braga Boys, e o "Xote dos Milagres", dos forrozeiros do Falamansa, como prováveis candidatos a hits neste Carnaval.
Josy Santana Lima, programadora da Itapuã FM, e Denis Peres,
da 104 FM, emissoras que estão
entre as de maior audiência em
Salvador, afirmam que "Planeta
Dominado" e "Cerol na Mão" estão sendo bem executadas e podem virar hit no Carnaval.
É claro que a folia não poderá
ser comparada aos bailes funks
do Rio. Assim como aconteceu no
ano passado com "Anna Júlia", os
sucessos dos morros cariocas devem ganhar versões em axé.
"Com certeza iremos colocar
ingredientes da música baiana no
funk. Vamos jogar molho e tempero da Bahia", diz Windson Silva, presidente da Associação dos
Produtores Musicais de Salvador.
Ele aproveitou para negar boatos de que a associação estava tentando impedir a execução de duas
músicas no Carnaval da Bahia, a
caribenha "La Bomba" e o pagode
"Tapa na Cara", do grupo Pagodart. A polêmica começou porque alguns empresários diziam
que as letras tinham mensagens
de violência. Há quem diga ainda
que as músicas seriam proibidas
simplesmente por não serem axé.
"Isso não é verdade. Não temos
preconceito contra nenhum ritmo. Tocaremos o que o povo quiser, como o funk, por exemplo,
que já é um sucesso. O que todo
mundo quer na Bahia é se divertir. Alguns artistas estão até trocando o refrão "Tapa na Cara" por
"Beijo na Boca'", afirma Silva.
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