|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA/ESTRÉIAS
"DUELO DE TITÃS"
Ator Denzel Washington vive treinador de futebol
"Sr. Biografia" interpreta 4º personagem da vida real
MILLY LACOMBE
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Denzel Washington não quer
ser rotulado como "Sr. Biografia",
mas não consegue dizer não a roteiros que apresentem personagens reais.
Foi assim em "Hurricane - O
Furacão" (1999), quando encarnou o boxeador Ruben Carter, em
"Malcom X" (1992), quando interpretou o polêmico e influente
ativista de mesmo nome, em "Um
Grito de Liberdade" (1987), no
papel de outro ativista, o africano
Steven Biko, e, agora, em "Duelo
de Titãs", na pele de um treinador
de futebol americano que tem de
integrar racialmente seu time
pouco depois que a segregação foi
abolida nos Estados Unidos.
"Para falar a verdade, tentei recusar o papel exatamente porque
se tratava de uma obra biográfica,
mas, quando fui apresentado ao
verdadeiro Boone, não pude resistir", disse Washington, 46, à
Folha em Los Angeles. "Ele é extremamente sedutor e sua história não podia deixar de ser contada." Denzel viu, em "Duelo de Titãs", uma oportunidade de mostrar que intolerância e preconceitos são ensinados por adultos às
crianças, que nascem desprogramadas de dispositivos discriminatórios. "Temos que nos questionar enquanto adultos e mudar
nossas atitudes. Espero que o público consiga tirar isso do filme",
afirma ele, que venceu o Oscar de
ator coadjuvante por "Tempo de
Glória" (1989).
A história de Boone penetrou
tão a fundo na pele de Washington que ele aceitou abrir mão de
quase metade de seu pagamento
para baratear a produção. "Não
faria isso em outras circunstâncias, mas nesse caso achei importante colaborar para que o filme
fosse concluído", disse o homem
que garante não estar cansado de
representar o personagem negro
oprimido e injustiçado porque
"não posso negar minha raça e
não quero receber papéis racialmente neutros".
Além disso, "Duelo de Titãs" é o
primeiro filme do novo selo de
Jerry Bruckheimer, a Technical
Black, destinada a filmes comportamentais -o megaprodutor
hollywoodiano é conhecido pelas
produções caras, repletas de efeitos especiais e campeãs em bilheteria, mas que terminam massacradas pela crítica, como "Armageddon" (1998), "60 Segundos"
(2000) e "Con Air" (1997).
O lançamento nos EUA foi seguido de uma maré de críticas favoráveis, o tipo de crítica que há
muito Bruckheimer não via associada a seu nome.
"Mas é claro que fazer um filme
para Jerry é uma pressão enorme
porque eu me sinto na obrigação
de devolver a ele o dinheiro gasto", disse Washington. Não havia
motivo: "Duelo de Titãs" custou
US$ 30 milhões e faturou, até agora, US$ 160 milhões só nos EUA.
Texto Anterior: Melhores e piores Próximo Texto: Crítica: Hollywood não sabe o que fazer com negros na tela Índice
|