São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA/ESTRÉIAS

"DUELO DE TITÃS"
Ator Denzel Washington vive treinador de futebol

"Sr. Biografia" interpreta 4º personagem da vida real

MILLY LACOMBE
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES


Denzel Washington não quer ser rotulado como "Sr. Biografia", mas não consegue dizer não a roteiros que apresentem personagens reais.
Foi assim em "Hurricane - O Furacão" (1999), quando encarnou o boxeador Ruben Carter, em "Malcom X" (1992), quando interpretou o polêmico e influente ativista de mesmo nome, em "Um Grito de Liberdade" (1987), no papel de outro ativista, o africano Steven Biko, e, agora, em "Duelo de Titãs", na pele de um treinador de futebol americano que tem de integrar racialmente seu time pouco depois que a segregação foi abolida nos Estados Unidos.
"Para falar a verdade, tentei recusar o papel exatamente porque se tratava de uma obra biográfica, mas, quando fui apresentado ao verdadeiro Boone, não pude resistir", disse Washington, 46, à Folha em Los Angeles. "Ele é extremamente sedutor e sua história não podia deixar de ser contada." Denzel viu, em "Duelo de Titãs", uma oportunidade de mostrar que intolerância e preconceitos são ensinados por adultos às crianças, que nascem desprogramadas de dispositivos discriminatórios. "Temos que nos questionar enquanto adultos e mudar nossas atitudes. Espero que o público consiga tirar isso do filme", afirma ele, que venceu o Oscar de ator coadjuvante por "Tempo de Glória" (1989).
A história de Boone penetrou tão a fundo na pele de Washington que ele aceitou abrir mão de quase metade de seu pagamento para baratear a produção. "Não faria isso em outras circunstâncias, mas nesse caso achei importante colaborar para que o filme fosse concluído", disse o homem que garante não estar cansado de representar o personagem negro oprimido e injustiçado porque "não posso negar minha raça e não quero receber papéis racialmente neutros".
Além disso, "Duelo de Titãs" é o primeiro filme do novo selo de Jerry Bruckheimer, a Technical Black, destinada a filmes comportamentais -o megaprodutor hollywoodiano é conhecido pelas produções caras, repletas de efeitos especiais e campeãs em bilheteria, mas que terminam massacradas pela crítica, como "Armageddon" (1998), "60 Segundos" (2000) e "Con Air" (1997).
O lançamento nos EUA foi seguido de uma maré de críticas favoráveis, o tipo de crítica que há muito Bruckheimer não via associada a seu nome.
"Mas é claro que fazer um filme para Jerry é uma pressão enorme porque eu me sinto na obrigação de devolver a ele o dinheiro gasto", disse Washington. Não havia motivo: "Duelo de Titãs" custou US$ 30 milhões e faturou, até agora, US$ 160 milhões só nos EUA.




Texto Anterior: Melhores e piores
Próximo Texto: Crítica: Hollywood não sabe o que fazer com negros na tela
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.