São Paulo, quinta-feira, 09 de fevereiro de 2006

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CINEMA

Um dos principais festivais de cinema do mundo, competição une veteranos, como Altman, e cineastas emergentes

Berlinale abre hoje com estrelas do Oscar e jovens

Jens Kalaene
Espectadoras alemãs vêem programa do Festival de Berlin


FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Começa, hoje, com o britânico "Snow Cake", de Marc Evans, a temporada de festivais de cinema midiáticos, com a 56ª edição da Berlinale, na capital alemã, que antecede Cannes, em maio, e Veneza, em agosto. Juntos, eles formam a tríade dos poderosos.
Como em todo festival dessa categoria, astros e estrelas de grande porte -o que significa atores que ganham cifras acima de seis dígitos- garantem visibilidade ao evento e, no caso de Berlim, que sempre ocorre perto da entrega do Oscar, o desfile de indicados ao prêmio de Hollywood é constante e faz parte da campanha pela cobiçada estatueta.
Desfilarão no tapete vermelho da praça Marlene Dietrich, em temperaturas próximas de zero, nos próximos dez dias, os oscarizáveis Philip Seymour Hoffman (melhor ator por "Capote"), George Clooney (melhor diretor por "Boa Noite e Boa Sorte" e melhor ator coadjuvante por "Syriana"), Catherine Keener (melhor atriz coadjuvante por "Capote") e Bennett Miller (melhor diretor por "Capote"). Em geral, Berlim representa a chancela "artística" aos concorrentes.
Além dos indicados, completam a lista de estrelas: Colin Farrell e Christian Bale por "O Novo Mundo", de Terrence Malick; Gael García Bernal, por "The Science of Sleep", de Michel Gondry; Woody Harrelson e Meryl Streep, por "A Prairie Home Companion", de Robert Altman, único dos três filmes que concorre na principal sessão do festival. Os demais são exibidos fora de competição.
Entretanto, não é só de Hollywood que vive um festival do porte de Berlim. Na edição deste ano, a Berlinale mantém a tradição de incluir, em sua sessão principal, a mostra competitiva, diretores e atores emergentes, além daqueles com uma produção mais sofisticada visualmente, como é o caso do francês Michel Gondry e do inglês Michael Winterbottom.
Assim, ao lado dos já estelares nomes citados, chegam ao festival como promessas o jovem argentino Rodrigo Moreno, 35, único latino-americano na competição, e os iranianos Rafi Pitts, 38, e Jafar Panahi, 45- já recebeu o Leão de Ouro, de Veneza, em 2000, com "O Círculo".
Com um número de filmes reduzido em sua sessão principal - são apenas 19 na competição-, a presença de dois iranianos aponta para a força da geração posterior a Abbas Kiarostami.

Brasileiros e brasileiras
Caberá ao júri presidido pela atriz francesa Charlotte Rampling a partilha dos oito Ursos, um de ouro, para o melhor filme, e sete de prata para diversas categorias, entre elas a de melhor atriz, prêmio que Fernanda Montenegro recebeu há oito anos.
Desde então, Montenegro tornou-se a estrela brasileira em Berlim e, agora em 2006, retorna pela quarta vez à cidade, desta vez com "Casa de Areia", de Andrucha Waddington, que é exibido na sessão Panorama, a segunda mais importante do festival, e no mesmo cinema onde foi ovacionada quando foi exibido "Central do Brasil", o filme que a consagrou na Alemanha.
Ainda no Panorama, em se tratando de filmes brasileiros, foram selecionados os inéditos "Meninas", de Sandra Werneck ("Narradores de Javé"), e o curta "Sexo e Claustro", de Claudia Priscilla. Finalmente, também com estréia mundial em Berlim, mas desta vez no Fórum, a sessão dedicada a jovens diretores, será exibido "Atos dos Homens", de Kiko Goifman ("33").
Um dos membros do júri da sessão principal, o artista norte-americano Matthew Barney irá exibir no festival sua nova produção "Drawing Restraint 9", realizado com sua mulher, a cantora islandesa Björk.
Outro artista importante e com ação fora do universo do cinema, o dramaturgo norte-americano Bob Wilson vem a Berlim para a exibição do documentário "Absolute Wilson", de Katharina Otto-Bernstein, que apresenta o percurso de sua carreira.

O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite do evento


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